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Até onde chega a polarização da marca de Ivanka Trump?

Lindsey Rupp e Kim Bhasin

26/05/2017 15h02

(Bloomberg) -- A política por trás de uma simples blusa é acirrada quando o nome de Ivanka Trump está na etiqueta.

A percepção do público sobre a marca de roupas da primeira-filha está alinhada às preferências partidárias nos EUA, segundo sondagem da firma de pesquisas YouGov BrandIndex. Os consumidores de inclinação liberal têm uma visão bem mais negativa do que os conservadores e os moderados, de acordo com o estudo.

"Claramente, nas bolhas da Costa Oeste e da Costa Leste, a marca dela tem menos apelo", disse Allen Adamson, fundador da consultoria BrandSimple em Nova York, que já comandou a empresa de marcas Landor Associates nos EUA.

Os conservadores ouvidos pela YouGov têm uma opinião ligeiramente positiva da marca Ivanka Trump. A pontuação máxima da marca no mês passado foi de apenas 19,4 pontos em uma escala de -100 a 100, na qual 0 representa a neutralidade. Os moderados percebem a marca de modo ligeiramente negativo. Já os liberais têm uma resposta claramente negativa, gerando nota -57,4.

Será que um simples par de scarpins já foi alvo de tanto veneno? Dificilmente.

Quando se trata da visão dos sexos, o quadro se complica. Neste final de maio, os homens mostram uma percepção melhor de Ivanka do que as mulheres, embora a visão de ambos os grupos tenha oscilado muito nas últimas semanas. A recepção positiva das mulheres disparou na época em que a primeira-filha lançou um livro, "Women Who Work", com conselhos profissionais. Atenta às críticas sobre conflitos de interesse que têm recaído sobre a família, ela não realizou a costumeira turnê de promoção de livros na mídia. E, desde então, o impulso à marca dela entre as mulheres parece ter se esvaído.

Um representante de Ivanka Trump se recusou a fazer comentários imediatos para esta reportagem.

A filha do presidente americano agora é oficialmente funcionária do governo, mesmo sem receber salário. Em janeiro, ela anunciou que passaria a rotina de gestão de sua marca para Abigail Klem, que já trabalhava diretamente com ela. A empresa licencia o nome para fabricantes de roupas, calçados e acessórios, incluindo uma linha de vestuário de US$100 milhões produzida pela G-III Apparel Group. Ela transferiu os ativos da companhia para um novo fundo supervisionado por familiares de seu marido, Jared Kushner, mas continua sendo dona da empresa e recebendo pagamentos. Ivanka não pretende se desfazer da marca, de acordo com a advogada dela, Jamie Gorelick, do escritório WilmerHale.

A politização da marca vem se desenrolando há algum tempo. Quando os produtos dela começaram a sumir de lojas como Nordstrom, Neiman Marcus e ShopStyle após a eleição presidencial no ano passado, ativistas anti-Trump lançaram uma campanha nacional para boicote de qualquer varejista que venda produtos da família. Já apoiadores de Trump tentaram revidar pedindo o boicote de quem parasse de vender produtos com o nome Trump.

Em fevereiro, a varejista Nordstrom confirmou a decisão de suspender a linha de produtos da primeira-filha, citando a fraqueza das vendas. Imediatamente, a empresa se viu em maus lençóis com o pai dela no Twitter. Nenhuma loja admitiu ter abandonado produtos da marca de Ivanka por causa da posição política da família.

Qualquer chance que Ivanka teria de se distanciar do pai (e da taxa de aprovação dele que está no menor nível até hoje) pode ser destruída quando ela posar ao lado dele ou Donald Trump se manifestar em defesa dela, disse o consultor Adamason.

"A dificuldade aumenta a cada vez que ela vai ao Salão Oval", afirmou Adamson. "Se ela fosse uma típica parente de político, haveria possibilidade de criar um ou dois graus de separação, como, por exemplo, as filhas de Bush."