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Viveiros são o futuro da pesca

Deena Shanker

26/05/2017 14h22

(Bloomberg) -- De cativeiro ou selvagem? Local ou importado? Orgânico? Ou com alguma certificação da qual você nunca ouviu falar?

Qualquer pessoa que já tenha tentado consumir frutos do mar com consciência ecológica -- ou que tenha lido notícias sobre a queda dos estoques de peixes selvagens ou sobre frutos do mar carregados de antibióticos das fazendas da China -- se deparou com essas perguntas.

E há muitas outras. Pegue as fazendas, independentemente de serem em terra ou no oceano. Muita coisa depende dessa operação em particular. São usados antibióticos para combater doenças em tanques superlotados? De que é feita a ração, e em que quantidade é oferecida? Quanto resíduo os peixes geram? As correntes são fortes o suficiente para dispersar tudo aquilo? Como é o fundo do mar? Os peixes são nativos?

"No que diz respeito aos peixes, as pessoas vêm e debatem", disse TJ Tate, diretor do Programa de Frutos do Mar Sustentáveis do Aquário Nacional de Baltimore. "Os consumidores querem ver uma etiqueta, um rótulo, uma caixa, algo com o qual possam sentir confiança, para então pegarem o produto e irem embora."

"Muitas etiquetas são privadas, secretas, cambiantes ou flexíveis", disse Marianne Cufone, diretora-executiva da Recirculating Farms Coalition. Algumas são mais respeitadas que outras e é difícil que o consumidor comum saiba a diferença. O Canadá e a UE têm padrões de frutos do mar orgânicos, mas os EUA não.

Agora, empreendedores, investidores e alguns ambientalistas estão começando a aderir à aquicultura como possível solução de longo prazo para o esgotamento dos oceanos e para o crescente apetite do mundo por essa proteína saudável. Um relatório de 2016 da Organização das Nações Unidas apontou que 31,4 por cento das populações de peixes do mundo sofriam exploração excessiva e que outras 58,1 por cento estavam completamente esgotadas. Enquanto isso, a aquicultura superou a pesca de peixes selvagens como fonte de frutos do mar para consumo humano em 2014. Muitos veem a aquicultura como o próximo passo da produção de alimentos sustentável.

Os defensores dos sistemas de aquicultura terrestre afirmam que esta pode ser a melhor opção porque não oferece risco de escape nem libera resíduos nos oceanos. "A água é recirculada constantemente em nossos sistemas, por isso não há escoamento de resíduos", disse Cufone, da Recirculating Farms Coalition. Jacqueline Claudia, CEO da Love the Wild, afirma que seus viveiros em terra também não fazem escoamento de resíduos -- as lagoas são contidas por um fundo de argila e os sistemas de fluxo contínuo utilizam um sistema de filtros que limpam a água antes de liberá-la no rio.

"Nós nos preocupamos com a aquicultura em mar aberto", disse Patty Lovera, diretora-assistente da Food & Water Watch, um grupo de defesa do consumidor e do meio ambiente. "Depende do tamanho e do local. Uma pergunta importante é com que esses peixes se alimentam." Ela acrescentou que "é difícil saber, a menos que você pegue um barco e vá até lá para ver".

Outros ambientalistas veem uma oportunidade na aquicultura de mar aberto, mesmo que a atividade também não seja livre de riscos. "Seja com plantas terrestres, seja com animais, a produção de proteína usará terra, água potável e energia", disse Aaron McNevin, diretor de mercados e alimentos do World Wildlife Fund. "O mar aberto representa uma área muito remota com capacidade de processar naturalmente resíduos em águas vastas, com capacidade muito superior à dos nossos sistemas de água potável para processar escoamentos agrícolas."