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Uber demite mais de 20 funcionários por acusações de assédio

Eric Newcomer

07/06/2017 12h11

(Bloomberg) -- A limpeza na Uber está apenas começando.

A Uber demitiu mais de 20 pessoas após uma investigação em toda a empresa sobre acusações de assédio e contratou pelo menos duas executivas seniores de alto perfil cujo trabalho será definir a estratégia e repensar a marca.

O escritório de advocacia Perkins Coie conduziu a investigação, analisando 215 queixas de recursos humanos; embora nenhuma medida tenha sido tomada em 100 casos, outros 57 continuam sendo investigados. Outra investigação solicitada pela Uber está sendo conduzida pelo ex-procurador-geral dos EUA Eric Holder. Esse grupo compartilhou resultados detalhados com um subcomitê do conselho de administração da Uber, mas não se espera que um relatório seja divulgado antes da próxima semana, disse uma pessoa com conhecimento do assunto. A Uber também planeja tomar medidas sobre algumas das conclusões do relatório na próxima semana, disse a pessoa.

"Eles estão mostrando que vão tomar medidas concretas para lidar com o problema", disse Evan Rawley, professor da Faculdade de Administração da Universidade Columbia. "Esta questão continuará ocupando uma posição central enquanto a investigação não for concluída."

A Uber está nadando em investigações depois que a engenheira Susan Fowler, ex-funcionária da empresa, publicou em um blog que foi assediada sexualmente e que o departamento de recursos humanos e a diretoria não lidaram bem com o caso. Os problemas de Uber não terminam por aí. Vários executivos seniores, incluindo chefes de finanças, de crescimento, de engenharia e de políticas e comunicações deixaram a empresa. O CEO Travis Kalanick -- que cometeu uma série de erros de relações públicas, incluindo ser filmado discutindo com um motorista da Uber -- admitiu que precisava de ajuda na liderança e contratou uma empresa de busca para encontrar um diretor de operações.

Bobbie Wilson, um advogado da Perkins Coie, deu aos mais de 12.000 funcionários da Uber uma avaliação da investigação da empresa na terça-feira, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto. Entre as pessoas demitidas havia executivos seniores, de acordo com a pessoa, que pediu para não ser identificada discutindo assuntos de pessoal. A empresa não revelou o nome dos funcionários que foram demitidos.

Além dos despedidos, 31 funcionários estão em aconselhamento ou capacitação, e sete receberam avisos escritos da empresa, disse um porta-voz da Uber. As questões tratam de assédio, discriminação, retaliação e outros assuntos de RH.

Kalanick tomou outras medidas para limpar a imagem de Uber. Ele solicitou a renúncia de Amit Singhal, seu novo chefe de engenharia de software, depois que a empresa soube de uma acusação de assédio sexual em seu antigo empregador, o Google. Singhal, que saiu no fim de fevereiro, negou a acusação.

Após as queixas e o vazio de liderança, a Uber contratou duas mulheres para cargos executivos seniores -- a ex-executiva da Apple Bozoma Saint John, como chefe de marca, e a professora da Faculdade de Administração de Harvard Frances Frei, como vice-presidente de liderança e estratégia.