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Banqueiros vão atrás de US$ 3 bi em obras de arte na Art Basel

Katya Kazakina

12/06/2017 14h13

(Bloomberg) -- Durante alguns dias de todo mês de junho, o epicentro do comércio de obras de arte se muda de Nova York para a Basileia, uma pequena cidade na fronteira entre França, Suíça e Alemanha. Ali, a maior feira de arte moderna e contemporânea do mundo, Art Basel, atrai muitos colecionadores bilionários. E banqueiros.

A partir desta segunda-feira, gestores de patrimônio e assessores financeiros vão se misturar com a elite do mundo da arte em meio a mais de 3 bilhões de euros (US$ 3,4 bilhões) em obras à venda, segundo a seguradora AXA Art. O UBS Group, principal patrocinador da Art Basel desde 1994, espera recepcionar 3.000 clientes em seu salão na feira, que ficará aberta até dia 18 de junho. Representantes do Morgan Stanley, do Bank of America, do Citigroup e da Vontobel Holding também pretendem participar e entreter clientes ? além de conquistar alguns novos.

Enquanto caminham pelos corredores repletos de obras de Pablo Picasso, Francis Bacon ou dos mais badalados artistas jovens, os banqueiros poderão encontrar o bilionário gestor de recursos Steve Cohen ou o russo Roman Abramovich, que compareceram a edições anteriores da Art Basel. Na feira do ano passado, Liu Yiqian, ex-motorista de táxi chinês que virou bilionário, comprou uma obra de Gerhard Richter com quase 11 metros de comprimento que custou 3 milhões de euros.

Investimento

"Há vários anos, mais obras de arte vêm sendo compradas como investimento", disse Bob Mnuchin, cuja galeria de Nova York exibe em seu stand um quadro de uma arma pintado por Andy Warhol que vale US$ 12 milhões. "Outros ativos parecem transmitir menos segurança às pessoas, por isso as obras de arte, que têm uma identidade internacional, não nacional, parecem ser uma posição mais confortável."

À noite, é possível encontrar os ricaços no Les Trois Rois, um hotel de 336 anos com vista para o rio Reno, onde galerias e casas de leilão organizam jantares extravagantes e os bares funcionam até de madrugada.

Mas estar entre eles não basta.

"Você precisa oferecer conteúdo", disse Dan Desmond, assessor financeiro particular do Morgan Stanley. "Ninguém vai para a Basiléia jantar com um banqueiro se o banqueiro não entender de arte."

Family offices e investidores ricos estão considerando as feiras como um lugar para comprar de tudo: haverá 4.000 artistas em exibição nesta semana. Enquanto estão por lá, as empresas financeiras criam experiências especiais para os clientes como uma ferramenta para aprofundar suas relações.

"Elas veem uma oportunidade em se misturarem e serem associadas ao 0,001 por cento", disse David Schrader, que recentemente trocou sua carreira em Wall Street pela Sotheby's.

Para garantir que os gestores de patrimônio entendam de arte, alguns bancos oferecem capacitação e contam com especialistas internos. No Citi Private Bank, dois membros do grupo de assessores têm Ph.D em história da arte e outros já trabalharam em um museu, uma galeria ou em uma casa de leilão, de acordo com Suzanne Gyorgy, diretora de assessoria de arte e finanças da instituição.