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Reino Unido no limbo antes do início das negociações do Brexit

Thomas Penny

14/06/2017 13h33

(Bloomberg) -- O limbo político do Reino Unido ficou mais profundo. Os esforços da primeira-ministra Theresa May para obter o apoio do Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte se complicaram e ficou mais intenso o clamor para que os atores políticos cheguem a um consenso sobre o Brexit.

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, escreveu a May exigindo clareza sobre os planos dela nas negociações com a União Europeia e suas intenções para proteger a "participação" no mercado comum e na união alfandegária do bloco. A carta é mais uma demonstração em prol de um "processo mais inclusivo" na definição de prioridades nas negociações para saída da UE.

"As conversas sobre o Brexit começam em cinco dias, lideradas por um governo britânico que não tem ideia do que está fazendo", escreveu Sturgeon no Twitter nesta quarta-feira.

A cada dia, aumenta a sensação de paralisia que tomou conta do país depois que May perdeu maioria no Parlamento e parte para as negociações com a UE com uma equipe que foi modificada e sofre pressão para não buscar um rompimento tão duro com o bloco. A libra esterlina se desvalorizou no dia da eleição, na semana passada, e se mantém depreciada, uma vez que a incerteza prolongada gera nervosismo no mercado de câmbio.

"Após a eleição, você vai ter ciência de que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a confusão em torno da posição do Reino Unido", escreveu Sturgeon na carta reproduzida no website do governo escocês. "Durante a eleição, você buscou um mandato para suas propostas para sair do mercado comum europeu. Essa proposta não conseguiu obter apoio."

May está na corda bamba e agora depende do apoio de um partido pequeno, de maioria protestante, e seus 10 parlamentares.

Incêndio em Londres

As conversas com representantes do Partido Unionista Democrático (DUP) para que votem a favor de legislação proposta pelo Partido Conservador na Câmara dos Comuns se complicaram diante de um enorme incêndio na parte oeste de Londres que deixou pelo menos seis mortos. A BBC noticiou que o acordo talvez não seja possível antes da semana que vem, sem revelar como obteve a informação.

O novo chefe de gabinete de May, Gavin Barwell, que está trabalhando no acordo com o DUP, foi acusado pelo jornal Daily Mirror de não dar importância a um relatório alertando sobre os riscos dos prédios altos como o que sofreu o incêndio. Barwell era ministro de Moradia antes de perder o assento na eleição.

Dois ex-primeiros-ministros do Partido Conservador ? David Cameron e John Major ? pediram a May que colabore com partidos rivais para definir a forma de saída da UE porque ela não conseguiu mandato. Os dois interviram separadamente após França e Alemanha indicarem que a porta ainda está aberta se o Reino Unido reverter a decisão de sair.

Nesta quarta-feira, o parlamentar com mais tempo na Câmara dos Comuns, defensor da UE de maior gabarito no Partido Conservador e ex-ministro das Finanças Kenneth Clarke se juntou aos que defendem uma nova abordagem e questionou uma eventual aliança com o DUP.

"Não dá para levar essa negociação sabendo que cada aspecto dela precisará ser negociado com o DUP para que votem a favor e depois ainda seria preciso tentar convencer todo o Partido Conservador a entrar em acordo sobre o que está sendo negociado", ele declarou em entrevista à BBC Radio 4.