Chineses assumem controle do distrito financeiro de Hong Kong
(Bloomberg) -- Andrew Sullivan se lembra da época em que os jovens britânicos conseguiam facilmente um emprego em finanças em Hong Kong. Ele entende do assunto, porque foi um deles.
Em 1996, no crepúsculo de Hong Kong Britânico, Sullivan chegou com um currículo que não lhe renderia um emprego em um banco no distrito financeiro de Londres. O ex-piloto de combate e auditor oficial não demorou para conseguir trabalho como analista de ações.
"Você não precisava ter um currículo impecável", disse Sullivan, hoje com 55 anos. Segundo ele, você só precisava de iniciativa e disposição para correr atrás dos negócios.
Mas, assim como a bandeira do Reino Unido e outros símbolos do império, aqueles dias são coisa do passado. Duas décadas após o Reino Unido devolver sua última grande colônia, a balança do poder nesta cidade, e em seu setor financeiro, pende para o lado da China.
Cada vez mais, até mesmo banqueiros experientes enfrentam dificuldade para conseguir e manter empregos se não falarem mandarim, a língua franca do continente. O mesmo se aplica a quem não domina a cultura corporativa chinesa nem tem conexões do outro lado da fronteira.
É verdade que essa mudança vinha acontecendo muito antes da queima dos fogos de artifício sobre Victoria Harbor, o porto de Hong Kong, no dia 1º de julho de 1997, que marcou o fim de mais de 150 anos de domínio britânico. O privilégio colonial ? as vantagens de ter um passaporte e um parentesco com a matriz ? nunca conseguiria resistir à globalização. A ascensão econômica da China - e a pressa mundial para tirar proveito dela - só acelerou a mudança.
Declínio do FILTH
Durante anos, os chineses do território e até mesmo os expatriados conhecedores da China chamaram depreciativamente os britânicos de FILTH (um jogo de palavras que significa "lixo" e serve de acrônimo para "Failed In London, Try Hong Kong": se você fracassou em Londres, tente Hong Kong). Expatriados que talvez nunca tenham trabalhado no distrito financeiro de Londres, que é o centro financeiro da Europa, conseguiam bons empregos e fechavam negócios nos confins do Hong Kong Club ou tomando uma cerveja no Captain's Bar, do hotel Mandarin Oriental.
Atualmente, FILTH está em declínio absoluto, e parece que seu destino foi selado pelos cortes de custo em todo o setor financeiro.
John Mullally, recrutador de executivos, disse que em 2010, expatriados do Reino Unido e do restante da Europa, além daqueles vindos dos EUA e da Austrália, arrebataram 40 por cento de suas vagas no setor financeiro. Hoje, essa proporção caiu para 15 por cento.
No Citigroup, estudantes chineses serão a maioria dos recém-formados que a instituição pretende contratar em tempo integral em Hong Kong no próximo ano, de acordo com James Mendes, chefe de recrutamento na região Ásia-Pacífico do banco dos EUA. Nos últimos dois anos, o JPMorgan Chase & Co. contratou mais de 40 por cento de seus recém-formados e estagiários para Hong Kong das universidades locais, e o banco espera que esse número aumente à medida que os negócios na região cresçam.
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