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Consumidores muçulmanos dão impulso a chocolate halal

Anuradha Raghu

16/06/2017 15h20

(Bloomberg) -- Os países muçulmanos estão se tornando mercados de rápido crescimento para o chocolate, e um país asiático aposta que mais pessoas de todo o planeta desejarão doces e guloseimas que cumpram as rígidas regras alimentares da religião.

A Malásia não produz muito cacau, mas se transformou na segunda maior processadora do continente moendo grãos importados da Indonésia, maior produtora fora da África e país com a maior população muçulmana do mundo. A maior parte da população da Malásia é classificada como muçulmana, e o país já comercializa principalmente produtos à base de cacau que cumprem os princípios halal -- que proíbem o uso de álcool e de alguns produtos de origem animal.

O Islã é a religião que cresce mais rapidamente no planeta e poderá ter 2,8 bilhões de fiéis em 2050, segundo o Pew Research Center. As vendas globais de produtos de confeitaria de chocolate com certificação halal chegarão a US$ 1,7 bilhão em 2020, crescendo a um ritmo anual de 5 por cento, que supera os ganhos de 4 por cento estimados para o chocolate como um todo, segundo a Euromonitor International. A Malásia espera que o crescimento ajude a ampliar suas exportações, que bateram recorde no ano passado.

"A certificação halal é considerada essencial em mercados emergentes de maioria muçulmana, como a Indonésia e a Malásia", disse Emil Fazira, analista de pesquisa sênior da Euromonitor em Cingapura. "Em mercados onde os muçulmanos têm um poder de compra crescente, os produtos com certificação halal deverão ter a preferência em relação aos produtos sem certificação."

Demanda

Com base nos ensinamentos do Corão, a certificação não se aplica apenas aos ingredientes alimentícios. As máquinas processadoras também precisam evitar o álcool usado em produtos de limpeza, bem como muitos lubrificantes de origem animal - como emulsificadores ou gelatinas extraídos de porcos.

A empresa Dazzle Food, que comercializa chocolates especiais para cobertura e consumo, como os das marcas Mr. Coco e Marie Coco, se tornou 100 por cento halal em 2009. Além de atender o mercado doméstico, a firma exporta para Cingapura, Indonésia, China e Oriente Médio. A empresa com sede em Selangor, em resposta enviada por e-mail a perguntas, afirmou que a certificação ajudou a ampliar suas vendas entre 20 por cento e 30 por cento nos últimos três anos. A demanda poderá crescer ainda mais rapidamente neste ano, afirmou.

Os países de maioria muçulmana da Ásia Central e do Oriente Médio oferecem algumas das maiores oportunidades de ampliação das exportações com a expansão de suas economias, segundo o Conselho Malaio do Cacau. Em muitos deles, os produtos rotulados como halal não são mercados de nicho, mas sim itens básicos tradicionais.

"As indústrias de confeitaria dos países da Ásia Central estão se desenvolvendo e crescendo", disse Norhaini Udin, diretora-geral do Conselho Malaio do Cacau, em entrevista no escritório do órgão em Nilai, nos arredores de Kuala Lumpur. "A comunidade muçulmana está mais cautelosa agora. Se você não possui o logotipo halal, não consegue ganhar mercado com eles."