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Testes menos estressantes elevarão dividendos de bancos dos EUA

Yalman Onaran

19/06/2017 12h47

(Bloomberg) -- O estresse causado pelos testes de estresse talvez acabe. Pelo menos por ora.

Após sete anos nos quais pelo menos um banco dos EUA foi reprovado, todas as 34 maiores instituições de crédito do país provavelmente passarão o exame da autoridade monetária (Federal Reserve). O motivo é que o componente mais rigoroso do estudo sobre como sobreviveriam a uma crise hipotética - a chamada revisão qualitativa - deixou de se aplicar à maioria dos bancos testados. Os resultados serão anunciados nesta semana e na próxima.

A pressão menor permitirá que instituições como Bank of America e Citigroup ? que penaram com os testes nos primeiros anos ? despejem mais US$ 30 bilhões nos bolsos dos acionistas, segundo estimativas de analistas.

"Se houver um ano em que todo mundo passa, será este ano", afirmou Michael Alix, sócio da PricewaterhouseCoopers que já trabalhou no Fed. "Os maiores bancos ficaram antenados às demandas da parcela qualitativa."

Dividendos maiores

As reprovações estão deixando de ocorrer e os dividendos estão aumentando porque os bancos se entenderam com os testes e elevaram os índices de capital acima das exigências mínimas. As instituições também contam com a flexibilização de regras, que irá transferir poder das autoridades reguladoras para os acionistas.

A proposta de dispensar bancos de médio porte da revisão qualitativa foi apresentada no ano passado. E a expectativa é de mais flexibilização quando o presidente Donald Trump indicar ao Fed integrantes mais favoráveis ao setor bancário. Na semana passada, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, recomendou que os testes de estresse sejam executados em anos intercalados e que os bancos que mantiverem capital suficientemente alto sejam dispensados dos exames.

Os bancos testados vão devolver US$ 121 bilhões aos acionistas na forma de dividendos e recompra de ações ao longo dos próximos quatro trimestres. Isso equivale a aproximadamente 85 por cento dos lucros, comparado a 75 por cento nos quatro trimestres anteriores, de acordo com a média das estimativas compiladas pela Bloomberg.

Entre os seis maiores bancos, é provável que o maior acréscimo nos dividendos venha do Bank of America, segundo estimativas apresentadas por Keefe, Bruyette & Woods, UBS Group e Morgan Stanley. A devolução líquida de dinheiro aos acionistas nos próximos quatro trimestres é calculada em US$ 16 bilhões, 63 por cento a mais do que nos quatro trimestres anteriores. Talvez o Citigroup pague mais de 100 por cento do lucro nos próximos quatro trimestres, na tentativa de acompanhar seus pares após distribuir relativamente menos dinheiro aos acionistas por vários anos.

A grande dúvida é o Wells Fargo, que pode ser reprovado na parte qualitativa, de acordo com relatórios publicados por Morgan Stanley e UBS neste mês. O Fed pode considerar os mecanismos de controle insuficientes após o escândalo do ano passado, quando veio à tona que funcionários do banco talvez tenham aberto milhões de contas sem autorização dos clientes. O Wells Fargo é um dos 13 bancos ainda sujeitos a análise qualitativa.

Porta-vozes do Wells Fargo, Citigroup, Bank of America e Fed se recusaram a comentar.

O Fed divulgará os resultados dos testes em duas etapas. A primeira, de natureza quantitativa, sai em 22 de junho e mostrará o impacto de cenários hipotéticos sobre os níveis de capital dos bancos. Em 28 de junho, o Fed anunciará se algum banco foi reprovado por capital insuficiente ou por questões qualitativas, como gestão de risco, coleta de dados e outros processos.

Os bancos aprovados anunciarão seus planos de dividendos e recompra de ações logo em seguida.