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Turistas americanos deveriam ir à Coreia do Norte?

Justin Bachman

22/06/2017 13h56

(Bloomberg) -- O Departamento de Estado dos EUA aconselha os americanos a evitarem viagens para mais de três dezenas de países, incluindo lugares tão problemáticos como Líbia, Camarões e Venezuela. Mesmo assim, com um passaporte válido e visa do país condenado ao ostracismo, qualquer americano pode ir para esses países com relativa liberdade.

Essa liberdade pode ser reduzida em breve para aqueles que desejam visitar o membro mais famoso do clube: a Coreia do Norte. Após a morte de um estudante universitário de Ohio que ficou preso durante 17 meses no país isolado, os EUA estão avaliando uma proibição total. O Departamento de Estado já havia alertado os americanos a evitarem a Coreia do Norte devido ao "sério risco de prisão e detenção de longo prazo sob o sistema de aplicação da lei da Coreia do Norte".

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, pode restringir as viagens dos cidadãos americanos em resposta à morte de Otto Warmbier em 19 de junho, disse uma porta-voz do departamento na terça-feira, porque outros três americanos continuam presos lá. Na semana passada, o governo de Kim Jong Un libertou Warmbier, de 22 anos, que estava em coma quando foi levado para casa, com uma lesão cerebral grave.

O senador dos EUA, John McCain, do Arizona, sugeriu que os americanos que desejam visitar a Coreia do Norte assinem uma isenção reconhecendo o risco que correm e a falta de capacidade dos EUA de intervir se eles precisarem de ajuda. Os EUA não têm relações diplomáticas com a Coreia do Norte e seu "poder de proteção" depende da embaixada da Suécia em Pyongyang.

"Se as pessoas são tão burras a ponto de ainda quererem ir a esse país, então pelo menos devem assumir a responsabilidade pelo próprio bem-estar", disse McCain na terça-feira.

No mês passado, dois congressistas dos EUA apresentaram uma "Lei de controle de viagens à Coreia do Norte", que exigiria licenças para o turismo americano para a Coreia do Norte, vindo desse país ou dentro dele, com a intenção de que os EUA não emitam essa licença. O Departamento de Estado teria o direito de emitir licenças para outras categorias de viagem, como religiosas ou filantrópicas, conforme a legislação do representante Adam Schiff, um democrata da Califórnia, e do representante Joe Wilson, um republicano da Carolina do Norte. O projeto de lei especifica punições financeiras às empresas de viagem que não cumprirem a proibição do turismo.

Não se sabe quantos americanos viajam por ano para a Coreia do Norte, já que o Departamento de Estado não exige que os cidadãos dos EUA registrem suas viagens ao exterior. A maioria vai pela China e não é necessário informar nada ao retornar, disse Schiff em uma entrevista por telefone na quarta-feira. A agência de turismo que organizou a viagem da Warmbier, Young Pioneer Tours, afirma que 4.500 a 5.000 ocidentais visitam a Coreia do Norte a cada ano e cerca de 1.000 deles são dos EUA. "Infelizmente, houve um aumento no número de ocidentais em busca da emoção de viajar para o reino eremita", escreveu Wilson em um artigo.

"Observamos nos últimos anos um grande número de programas de turismo que estão facilitando o que poderia ser chamado de viagem de aventura para a Coreia do Norte", disse Schiff. Qual é o apelo? "Ir ao governo autoritário mais isolado e hermeticamente fechado no mundo."

Título em inglês: Do American Travelers Even Belong in North Korea?