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Nos EUA, falta moradia em regiões que geram empregos

Patrick Clark

23/06/2017 13h47

(Bloomberg) -- Em um mundo lógico, as construtoras correriam para construir casas nas regiões dos EUA onde a geração de empregos é mais acelerada. No mundo real, não é tão simples.

A área metropolitana de São Francisco acrescentou 373.000 novas vagas líquidas de empregos nos últimos cinco anos - mas só emitiu alvarás de construção para apenas 58.000 unidades novas de moradia. A falta de construções novas exacerbou os custos habitacionais na região da Baía de São Francisco, o que tornou a área metropolitana da cidade um dos mercados mais cruéis dos EUA. No mesmo período, Houston criou 346.000 empregos e permitiu a construção de 260.000 casas novas, o quíntuplo de unidades por emprego novo que São Francisco.

Na Califórnia, onde o crescimento do emprego tem sido forte e o controle local das decisões de zoneamento torna muito difícil construir, ficam muitas das cidades onde as contratações superam amplamente a construção. Seis regiões metropolitanas da Califórnia aparecem entre as aquelas onde o ritmo de construção de casas é mais lento que o crescimento do emprego.

Cidades extensas no Sul e no Sudoeste do país tenderam a autorizar a construção de casas mais rapidamente. Houston, famosa pela abordagem laxa da regulamentação sobre o uso de terrenos, concedeu uma permissão nova por cada 1,3 empregos. Até mesmo áreas metropolitanas como Denver, Seattle e Portland, Oregon, parecem estar em boom em comparação com as da Califórnia.

Tendência nacional

Não só mercados litorâneos tradicionalmente caros estão tendo pouca oferta nova. Compradores em cidades pequenas como Louisville, Kentucky, e Omaha, Nebraska, estão frustrados pela falta de estoque e de opções, disse Lawrence Yun, economista-chefe da National Association of Realtors.

No país como um todo, as construtoras adicionaram menos unidades novas no período de dez anos terminado em 2016 do que em qualquer decênio desde 1990. Taxas de vacância baixas provocaram o aumento dos aluguéis. Quem procura casas está suando nos mercados de vendedores, em que as casas são vendidas rapidamente, muitas vezes acima do preço de tabela.

Há duas formas de combater a escassez de oferta, disse Yun em entrevista: "Ou as construtoras constroem casas, ou investidores imobiliários disponibilizam casas no mercado".

Por que as construtoras não agem? Um motivo pode ser a incompatibilidade entre os locais onde pessoas querem morar e os locais onde há terrenos disponíveis para construir. Além disso, as construtoras têm tido dificuldades para preencher vagas, o que aumenta os custos da mão de obra e desacelera o ritmo de construção. Muitas vezes, normas de zoneamento impedem que a densidade populacional aumente, o que leva as construtoras a erguer casas unifamiliares na periferia das grandes cidades, em vez de edifícios de apartamentos mais próximos dos centros de emprego.

Os custos regulatórios também influem. Em média, eles representam 24 por cento das despesas da construção de uma moradia nova, segundo um estudo de 2016 da National Association of Home Builders. Em San Diego, eles equivalem a 40 por cento do custo de uma moradia nova, segundo um relatório elaborado por um grupo local de habitação.

Título em inglês: Why Can't They Build More Homes Where the Jobs Are?