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Buffett sonha grande, mas se contenta com pequenas aquisições

Noah Buhayar

27/06/2017 11h34

(Bloomberg) -- Faz tempo que Warren Buffett não fecha um grande acordo, mas ele tem se contentado com troféus menores.

Na segunda-feira, foi divulgado que a holding do bilionário, a Berkshire Hathaway, deu um lance de US$ 377 milhões pelo fundo de investimento imobiliário Store Capital, focado em prestadoras de serviços, como academias e berçários. O anúncio veio na esteira de um acordo de tamanho similar na semana passada para injetar recursos na combalida instituição de crédito imobiliário Home Capital Group, sediada no Canadá.

A reputação de Buffett como um dos investidores mais espertos do mundo impulsionou as ações das duas companhias e produziu ganhos rápidos para a Berkshire no papel. No entanto, as transações não ajudam a resolver um desafio persistente: a quantia recorde no caixa.

"Os acionistas estão muito mais preocupados com o que Buffett fará com os US$ 100 bilhões que tem na carteira" do que com esses acordos, disse David Rolfe, gestor de fundos que supervisiona aproximadamente US$ 6,5 bilhões em ativos, incluindo ações da Berkshire.

Nas últimas cinco décadas, Buffett ergueu a Berkshire consistentemente como um conglomerado por meio de transações cada vez maiores. O último acordo gigantesco - a aquisição da fabricante de componentes para aeronaves Precision Castparts, por US$ 32 bilhões - aconteceu em 2015. Desde então, os lucros gerados pelas dezenas de negócios da Berkshire ? como a operadora ferroviária Burlington Northern Santa Fe e a seguradora de automóveis Geico ? fortaleceram o cofre.

A situação levou Buffett a informar aos presentes na assembleia anual de acionistas da Berkshire, no mês passado, que ele estava pronto para realizar um grande acordo e que não iria deixar o dinheiro parado para sempre. O bilionário reluta em pagar dividendos e raramente recompra ações de sua empresa, argumentando que pode favorecer mais os acionistas reaplicando o dinheiro no negócio ou realizando novos investimentos.

"Em algum momento, o ônus da prova realmente virá para nós", disse Buffett durante a assembleia, em 6 de maio. "De jeito nenhum eu posso voltar aqui dentro de três anos e dizer para vocês que nós temos US$ 150 bilhões ou perto disso em dinheiro."

Embora os dois novos investimentos não diminuam os recursos da Berkshire, os investidores provavelmente ficarão contentes com eles. Os termos são atraentes. E provavelmente não ocuparam muito o tempo de Buffett.

Nos dois casos, o bilionário contou com o subordinado Ted Weschler para estudar a oportunidade e definir os detalhes. Ele já colocou outro profissional de seleção de ações, Todd Combs, para desempenhar papel similar no passado.

Os dois gestores são peças fundamentais no plano de sucessão da Berkshire. Buffett, 86 anos, indicou que Weschler, 56, e Combs, 46, eventualmente supervisionarão todos os investimentos da companhia e ajudarão o próximo presidente nas aquisições.

No caso da Home Capital, o acordo reforça a fama da Berkshire como empresa capaz de apagar incêndios financeiros. Além de desembolsar 400 milhões de dólares canadenses (US$ 300 milhões) por uma participação na instituição de crédito, Buffett concordou em estender a ela uma linha de crédito de 2 bilhões de dólares canadenses.

Os recursos ajudaram a restaurar a confiança na Home Capital, que vinha sendo atacada há anos por especuladores na bolsa, que questionavam suas práticas de subscrição e sua equipe de administração. A instituição também enfrentava uma onda de saques das cadernetas de poupança.

"O objetivo era apagar as chamas", disse David Sims, um dos gestores do Eagle Capital Growth Fund, que detém ações da Berkshire. O investimento ajudou a "estabilizar as coisas".

Título em inglês: Buffett Wants a Big Deal. Lately, He's Settled for Small Ones