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Gerentes de hegde funds defendem trabalho humano

Saijel Kishan

27/06/2017 14h33

(Bloomberg) -- Os seres humanos não ficarão obsoletos nesta vida.

Foi o que afirmaram quatro gestores de recursos nas últimas semanas, enquanto novas tecnologias transformam as finanças, ameaçando substituir os funcionários humanos do setor.

A Winton, um hedge fund de US$ 30,6 bilhões que há duas décadas usa algoritmos para operar, disse aos clientes que as grandes decisões ainda são tomadas por seres humanos. Michael Hintze, que dirige outro grande fundo, disse que modelos informáticos podem detectar anomalias no mercado, mas raramente dão respostas. Jordi Visser, chefe de investimentos de outra empresa, disse que as pessoas ainda levam vantagem no reconhecimento de padrões. Jeffrey Gundlach, um bilionário gerente de títulos, disse que ele aposta que as pessoas prevalecerão.

"Apesar do imenso poder da informática moderna, não é aconselhável -- nem mesmo possível -- dispensar completamente os seres humanos", escreveu a Winton, fundada por David Harding, que se formou em física teórica antes de passar para as finanças, em sua carta aos clientes neste mês.

Legiões de trabalhadores das finanças se perguntam quantos anos eles durarão, em um momento em que bancos e gestores de recursos experimentam tecnologia, procurando um dia automatizar tudo, da subscrição de títulos ao gerenciamento de portfólio. A pergunta é feita em meio a advertências cada vez maiores de personalidades como a presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, e o bilionário do software Bill Gates, que dizem que o big data e o aprendizado de máquinas poderiam desencadear uma onda de automação nos Estados Unidos. (Na verdade, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a automação não está no radar da administração do país).

Céticos

Ao entrar no debate na semana passada, Gundlach, CEO da DoubleLine Capital, disse que não acredita que as máquinas assumirão o controle das finanças. O conselho dele para vencê-las é simples: "Trabalhar duro".

A Winton escreveu em sua carta que há grandes tarefas nos hedge funds perfeitas para a automação, como a realização de cálculos recorrentes em grande escala para avaliar riscos em portfólios. Mas, segundo a empresa, que conta com astrofísicos e outros cientistas entre seus 450 funcionários, os computadores não estão preparados para tomar decisões sobre investimentos de maneira independente. Os seres humanos, pelo contrário, dirigem o software em cada etapa do processo.

Para os profissionais de investimentos o temor não se limita apenas ao fato de as empresas precisarem de um menor número deles para realizar tarefas -- o problema maior é que eles competem com rivais de baixo custo. Os gerentes de hedge funds, por exemplo, normalmente cobravam dos clientes 2 por cento dos ativos e 20 por cento dos lucros. Isso é mais difícil de justificar se as plataformas automatizadas chegarem a resultados decentes sem cobrar tanto.

Título em inglês: Humans Wanted: Hedge Fund Bosses Make Their Case for Mere People