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Empresa espanhola fabrica robôs para chão de fábrica

Rodrigo Orihuela

30/06/2017 17h27

(Bloomberg) -- Em Burgos, uma província no centro da Espanha mais famosa pelas escavações arqueológicas e pelos chouriços do que pela inovação, a engenheira Verónica Pascual está construindo veículos automatizados. Mas não são carros, são empilhadeiras e caminhões com pallets.

Pascual, engenheira aeronáutica de 38 anos, é dona da Asti, uma empresa que produz os chamados veículos guiados automaticamente (AGV, na sigla em inglês) -- robôs móveis empregados em fábricas e depósitos que não precisam de intervenção humana para se deslocarem.

Várias empresas de tecnologia, da Alphabet à Uber Technologies, estão se apressando para criar carros autônomos, mas pouca atenção é dada a outros tipos de veículos menos sensuais, o que abre um nicho para empresas como a Asti, cujos veículos são utilizados para transportar diversos bens, de grandes grupos de caixas com alimentos até peças de avião de 30 toneladas.

O mercado de serviços de robótica está crescendo rapidamente. O Bank of America Merrill Lynch projeta que os robôs realizarão 45 por cento das tarefas de fabricação até 2025, em comparação com 10 por cento em 2015. O banco também estima que o mercado de logística industrial, embalagens e materiais estará avaliado em US$ 31 bilhões até 2020.

Apesar da oportunidade, poucas empresas estão tentando conquistar o chão de fábrica. "A maioria dos investimentos em robótica continua indo para o equipamento industrial", disse Mehdi El Alami, sócio da consultoria Roland Berger, apontando que apenas 2 por cento é gasto em logística.

Tendência

Para El Alami, a concorrência cada vez maior pela entrega ultrarrápida de bens acelerará o surgimento da robotização como único meio de obter mais receita rentável. A Asti espera tirar proveito dessa tendência. A empresa, que opera em 15 países, conta entre seus clientes com nomes como a PSA Group, fabricante dos carros Peugeot e Citroën, o laboratório GlaxoSmithKline e o fabricante espanhol de alimentos Campofrío Food Group. As vendas da Asti quintuplicaram entre 2012 e 2016 e atingiram 20 milhões de euros (US$ 23 milhões), com planos para alcançar 100 milhões de euros até 2020. No ano passado, a empresa vendeu um total de 956 veículos.

"Os EUA são um grande mercado para crescer porque não tem muita gente lá fazendo esse tipo de projeto", disse Pascual em entrevista em sua fábrica. A PepsiCo e a The Procter & Gamble Co. são seus clientes, e também a gigante mexicana da panificação Grupo Bimbo, que usa os veículos da Asti para transportar pallets com pão da estação de embalagem em plástico para o depósito em uma de suas plantas espanholas.

A Asti vende mais de 60 por cento de seus veículos no exterior e seu principal mercado é a França. Em 2015, o número de instalações de robôs industriais aumentou 63 por cento na Espanha, segundo os dados mais recentes compilados pela International Federation of Robotics. Também há margem para crescer. No mesmo ano, havia 150 robôs para cada 10.000 funcionários no setor fabricação da Espanha e 127 para cada 10.000 na França, em comparação com 301 na Alemanha.

Os planos de expansão de Pascual são baseados no crescimento orgânico e ela também está aberta a abordagens de possíveis compradores ou parceiros, sob determinadas condições. Uma aquisição ou uma aliança poderiam dar impulso às perspectivas de crescimento, acrescentou ela.

"Tem havido alguns contatos, mas eu não quero vender isto para que seja despedaçado, eu não quero uma venda de know-how, quero que o projeto cresça", disse Pascual.