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Traders de petróleo apostam que xisto dos EUA veio para ficar

Andy Hoffman

07/07/2017 13h03

(Bloomberg) -- As maiores traders de energia do mundo estão apostando que a produção de petróleo de xisto chegou para ficar.

Tradings europeias como Trafigura Group, Mercuria Energy e Vitol Group investiram em infraestrutura nos EUA e fecharam contratos de fornecimento para garantir fluxos de petróleo e gás de xisto. Os acordos mostram que as traders veem oportunidades de longo prazo em um setor que já sacudiu os fluxos de energia globais, especialmente desde que os Estados Unidos cancelaram a proibição às exportações de petróleo, que estava em vigor havia quatro décadas, no fim de 2015.

"O xisto, salvo algum grande problema ambiental, é a nova realidade", disse Jean-François Lambert, ex-executivo bancário de trade finance de commodities do HSBC Holdings, atualmente consultor independente. "Ele traz mais opções para o trading de petróleo e é exatamente disso que as traders precisam."

O petróleo e o gás de xisto transformaram os mercados globais de energia. A rápida expansão da produção colocou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em uma guerra por participação de mercado que derrubou os preços do petróleo de mais de US$ 100 em 2014 para menos de US$ 50 hoje. Por meio de uma combinação de avanços tecnológicos e métodos de produção mais eficientes, o setor mostrou mais resiliência à desaceleração do que a maioria das pessoas esperava. Assim, quando a Opep mudou de tática em novembro e começou a reduzir sua produção para respaldar os preços, a produção dos EUA disparou novamente e atingiu o nível mais elevado desde 2015.

Acordos por xisto

As tradings de petróleo globais reagiram rapidamente ao impacto do xisto no mercado.

No início de 2016, a Mercuria, que tem sede em Genebra e é uma das cinco maiores traders independentes de energia, adquiriu uma unidade de fornecimento e comercialização de petróleo da Enterprise Crude Oil que proporcionou acesso a mais de 150 novas contrapartes, incluindo produtoras de xisto de Dakota do Norte, Wyoming e Colorado, nos EUA. A empresa também investiu em um terminal de armazenagem de petróleo e produtos químicos no baixo Mississippi, em Mt. Airy, Louisiana, para expandir suas relações com pequenas e médias produtoras dos EUA.

A Trafigura, que tem sede em Cingapura e mantém suas principais operações de trading em Genebra, revelou nesta semana um acordo com a Plains All American Pipeline para receber até 100.000 barris por dia de um petróleo bruto e de um óleo leve chamado condensado bombeado da bacia Permian, a maciça região do xisto no Texas que a trading afirma ser a área de exploração de petróleo de mais rápido crescimento nos EUA.

A Vitol, maior trader de petróleo independente do mundo, que negocia mais de 7 milhões de barris por dia, foi a primeira trader a exportar petróleo dos EUA quando a proibição foi cancelada. Mike Loya, chefe de operações da firma com sede na Holanda nas Américas, disse em março que espera um aumento nos carregamentos, com um crescimento previsto da produção de xisto em 600.000 a 700.000 barris por dia no período de um ano até dezembro.