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Desigualdade nos casamentos nos EUA é notada em Las Vegas

Jeanna Smialek

11/07/2017 14h17

(Bloomberg) -- Roland August realizou milhares de casamentos em Las Vegas, a autoproclamada capital do "sim".

Mas na atualidade August -- que muitas vezes realiza a cerimônia caracterizado de Elvis Presley -- tem uma rara vantagem para observar a longa mudança do país em direção ao "não".

O índice de casamentos em Nevada despencou nas últimas décadas, uma versão extrema de um recuo que vem ocorrendo nos EUA como um todo. As forças que reformularam a vida econômica do país a partir da década de 1970 ajudaram a transformar o casamento em uma instituição cada vez mais reservada aos mais educados e ricos. Uma série de pesquisas recentes sugere que a desigualdade nos casamentos nos EUA está consolidando a desvantagem.

As capelas nas quais August trabalha viram os negócios caírem, disse ele, e Vegas está se esforçando para reverter o declínio de um setor que gera US$ 3 bilhões em atividade econômica por ano. Em 2015, o condado do entorno introduziu uma sobretaxa de US$ 14 para as licenças de casamento para pagar pelo marketing e os líderes empresariais locais ajudaram a criar uma Câmara de Comércio de Casamentos no ano passado. Os dados mostram que o esforço funciona frente a uma mudança nacional mais ampla.

"A vida criou prioridades diferentes", disse August.

O casamento virou uma clara linha divisória em um país estratificado. Seu declínio é mais pronunciado entre aqueles que não foram além do Ensino Médio, porque as pessoas mais bem educadas tendem a se casar. As classes trabalhadora e média dos EUA estão em situação ruim e a pesquisa mostra a desconstrução das famílias como uma das causas.

Metade dos americanos com mais de 18 anos eram casados em 2014, contra 72 por cento em 1960, segundo a think tank Pew Research Center. A mudança é mais notável entre pessoas de menor escolaridade, o que de certa forma é um indicativo da renda: até 2014, quase 75 por cento das mulheres com diploma de ensino superior eram casadas aos 40 e poucos anos, contra menos de 60 por cento das mulheres que tinham apenas diploma do Ensino Médio, segundo a Brookings Institution.

Do mesmo modo, a maternidade fora do casamento acompanha a escolaridade. Mais de 70 por cento das mães jovens que terminaram apenas o Ensino Médio tiveram pelo menos um filho enquanto eram solteiras, segundo o sociólogo Andrew Cherlin, da Universidade John Hopkins. O mesmo valia para apenas 30 por cento das mulheres com diploma universitário.

Os homens que se casam bebem menos, trabalham mais e relatam uma felicidade maior. O casamento permite que os casais combinem suas rendas, dividam custos e aproveitem isenções fiscais. Além disso, os filhos de famílias estáveis com dois responsáveis se saem melhor na escola e no mercado de trabalho, de forma que a divisão atual provavelmente consolidará uma vantagem ou desvantagem. Pesquisas recentes sobre a situação de desespero da classe média mostraram que a mortalidade está aumentando na meia idade entre os americanos brancos com menos instrução e os autores Anne Case e Angus Deaton apontaram para o distanciamento em relação ao casamento como um fator possível.

"Tanto os homens como as mulheres perdem a segurança dos casamentos estáveis que eram o padrão entre seus pais", observaram em um artigo neste ano.