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Grandes petroleiras percebem ameaça de veículos elétricos

Jessica Shankleman

14/07/2017 12h51

(Bloomberg) -- Os maiores produtores de petróleo do mundo estão começando a considerar seriamente os veículos elétricos como uma ameaça no longo prazo.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) quintuplicou sua projeção de vendas de veículos elétricos, e várias produtoras de petróleo, como Exxon Mobil e BP, também elevaram suas perspectivas nos últimos 12 meses, segundo um estudo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) publicado nesta sexta-feira. A empresa de pesquisa com sede em Londres projeta que esses carros vão diminuir a demanda por petróleo em 8 milhões de barris até 2040, mais do que a produção atual do Irã e do Iraque juntos.

A crescente popularidade dos veículos elétricos aumenta o risco de estagnação da demanda por petróleo nas próximas décadas, o que põe em dúvida os mais de US$ 700 bilhões investidos anualmente nos setores de combustíveis fósseis. Embora a perspectiva dos produtores de petróleo não seja nem de perto tão agressiva como a da BNEF, os números indicam uma aceleração na quantidade provável de veículos elétricos na frota global.

"O número de veículos elétricos nas ruas trará grandes consequências para fabricantes de veículos, petroleiras, concessionárias de energia elétrica e outros", afirmou Colin McKerracher, diretor de análise de transportes avançados da BNEF em Londres, em uma nota a clientes. "Existe uma divergência significativa quanto à velocidade da adoção, e as opiniões estão mudando rapidamente."

Projeções

A BNEF projeta que as vendas de carros elétricos vão superar as de modelos a gasolina e diesel em 2040, o que refletiria um rápido declínio no custo das unidades de baterias de íon de lítio que armazenam a eletricidade para os veículos. A empresa projeta que haverá 530 milhões de carros elétricos nas ruas em 2040, um terço do total de carros no mundo.

A Opep aumentou sua projeção para a frota de veículos elétricos em 2040, de 46 milhões um ano atrás para 266 milhões. Segundo a nova projeção, carros a bateria representarão 12% do mercado daqui a 23 anos, frente a 2% na projeção de 2015. O grupo que representa 14 países e tem sede em Viena projeta metade do número de veículos a diesel que havia projetado um ano atrás.

Apenas uma pequena parte dos carros vendidos hoje no mundo usa bateria em vez de gasolina. Cada vez mais analistas afirmam que o mercado se expandirá rapidamente, porque quase todas as grandes fabricantes de veículos estão lançando dezenas de novos modelos elétricos no mercado. Em seu relatório de quarta-feira sobre o mercado de petróleo, a Opep afirmou que as metas de venda de veículos elétricos poderiam esfriar a demanda em algumas partes da Ásia já em 2018.

Contudo, embora tenham elevado a perspectiva, as grandes petroleiras continuam muito menos otimistas que as fabricantes de veículos. As maiores fabricantes de carros do mundo têm planos para vender ao todo 6 milhões de veículos elétricos por ano até 2025 e 8 milhões até 2030, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

"Petroleiras e fabricantes de carros estão afirmando coisas diferentes", disse McKerracher, o analista da BNEF. "É uma pergunta de um trilhão de dólares, e alguém vai estar errado."