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Itália tem quase o triplo de pobres após uma década de recessão

Lorenzo Totaro e Giovanni Salzano

14/07/2017 12h19

(Bloomberg) -- Os italianos que vivem abaixo da linha da pobreza extrema quase triplicaram na última década, quando o país atravessou um duplo mergulho na longa recessão.

A pobreza extrema, situação de quem não consegue pagar uma cesta de bens e serviços básicos, atingiu 4,7 milhões de pessoas no ano passado, contra quase 1,7 milhão em 2006, informou o instituto nacional de estatísticas, o Istat, na quinta-feira (13). O número representa 7,9% da população e a maioria desse total está concentrada na região sul do país.

Enquanto a Itália atravessava sua recessão mais longa e profunda desde a Segunda Guerra Mundial, entre 2008 e 2013, mais de um quarto da produção industrial do país evaporou. No mesmo período, o desemprego também aumentou, chegando a 13% em 2014 após atingir um mínimo de 5,7% em 2007. O desemprego era de 11,3% na última verificação, em maio.

A Itália enfrenta há décadas uma baixa taxa de fertilidade -- apenas 1,35 filho por mulher, contra uma média de 1,58 em toda a União Europeia, formada por 28 países, em 2015, último ano com dados comparáveis disponíveis.

"O relatório da pobreza mostra que não tem sentido perguntar por que há menos recém-nascidos na Itália", disse Gigi De Palo, chefe do Fórum das Associações Familiares da Itália. "Ter um filho significa tornar-se pobre. Aparentemente na Itália as crianças não são vistas como um bem comum."

O número de pobres absolutos aumentou no ano passado entre os mais jovens, chegando a 10% no grupo daqueles com 18 a 34 anos. A taxa caiu entre os idosos, para 3,8%, na faixa etária a partir de 65 anos, mostrou também o relatório do Istat.

Renda de inclusão

No início do ano, o Parlamento em Roma aprovou uma nova ferramenta antipobreza chamada renda de inclusão, que está substituindo as medidas existentes de apoio à renda. Ela beneficiará 400 mil famílias, um total de 1,7 milhão de pessoas, publicou o jornal diário Il Sole 24 Ore, citando documentos parlamentares. O programa será financiado com cerca de 2 bilhões de euros (US$ 2,3 bilhões) em recursos neste ano e o montante deverá chegar a cerca de 2,2 bilhões de euros em 2018, afirmou o Sole.

A incidência da pobreza relativa, que é calculada com base na despesa média de consumo e afeta um grupo maior de pessoas, também aumentou no ano passado na Itália.

Os indivíduos pobres em termos relativos somavam quase 8,5 milhões, ou 14% da população, com incidência maior nas famílias com mais filhos e nos grupos com idade inferior a 34 anos, informou o Istat.