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Gigantes do petróleo fazem campanha para contratar jovens

Polly Mosendz

17/07/2017 13h10

(Bloomberg) -- "Este não é o petróleo do seu pai", anuncia o comercial, que passa a exibir imagens da fabricação de tintas spray e de uma parede coberta por um grafite elegante. "O petróleo faz uma pose. O petróleo aproveita o potencial. O petróleo injeta vida."

Em poucas palavras, o petróleo é legal, declara o grupo de assessores de marcas do setor. A propaganda de 30 segundos lançada neste ano faz parte de uma campanha do American Petroleum Institute para "aumentar a conscientização sobre o papel do gás natural e do petróleo no crescimento econômico, na criação de empregos, na administração ambiental e na segurança nacional". Chamados de "Power Past Impossible", os anúncios do braço de lobby dos gigantes do petróleo dos EUA estão voltados para a geração Y, formada por pessoas entre 21 e 35 anos, que é a maior de todas as gerações e representa a maior parte da força de trabalho dos EUA.

"É uma mudança em nossa mensagem e em nosso alvo que está sendo preparada há vários anos", diz Marty Durbin, o chefe de estratégia do instituto. "Não existe nenhuma empresa que não esteja correndo atrás dos jovens."

Isso pode até ser verdade, mas poucos setores enfrentam tantas dificuldades para conquistá-los como a indústria do petróleo. Os membros da geração Y costumam rejeitar empresas cujos produtos principais desempenham um papel fundamental no aquecimento global. Uma pesquisa realizada pela Universidade do Texas em 2016 concluiu que 91 por cento dos menores de 35 anos diziam que a mudança do clima está acontecendo e que pouco mais da metade apoiava um imposto à emissão de carbono. Cerca de dois terços dos eleitores dessa geração disseram que questões relativas à energia influíram em seu voto e que pretendem comprar um veículo que utilize combustíveis alternativos.

Persuasão

Além de reapresentar a marca, a campanha publicitária do setor de energia tem uma tarefa ainda maior: convencer os jovens a trabalhar no setor. Nos próximos anos, as empresas de combustíveis fósseis antecipam "uma grande rotatividade, uma grande troca de pessoal", diz Durbin. "Começamos a entrar em contato com diversos grupos demográficos - mulheres, veteranos, minorias - para informar sobre o setor faz e aprender o que poderia atrair o interesse deles."

Fazer com que os membros da geração Y aceitem esses empregos, que tendem a pagar bem, mas acarretam riscos próprios, não será fácil também por outro motivo. A taxa de desemprego dos EUA é a mais baixa em 16 anos, e talentosos recém-formados em Engenharia estão indo em massa para estágios e primeiros empregos no Vale do Silício, que pagam mais que a mediana de salários nacionais. Isso aumenta a pressão para que o setor de petróleo faça tudo o que puder para tornar sua imagem mais atraente, a fim de atrair trabalhadores jovens com muitas opções.

Mas talvez Durbin, e as petroleiras no geral, se contentem com informar às pessoas que existem empregos nesse setor, embora a campanha tenha sido alvo de críticas por parte de alguns jovens que consideram que os combustíveis fósseis são uma praga.

"[A campanha] é muito diferente de tudo o que fizemos antes", diz Durbin. "Isso deu o que falar."