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Moedas de emergentes vão suportar redução de estímulo global

Kartik Goyal e Aline Oyamada

17/07/2017 18h22

(Bloomberg) -- Conforme os títulos globais sofrem reviravoltas com a retórica hawkish dos principais bancos centrais, a AllianceBernstein e a Amundi Asset Management afirmam que as moedas de mercados emergentes enfrentarão melhor a tempestade do que em 2013.

A melhora nas contas externas, o aumento nas reservas e a inflação contida tornam as nações em desenvolvimento ? da Índia ao México ? menos vulneráveis ao risco de uma saída abrupta de capital quando as economias avançadas começarem a reduzir os estímulos monetários, afirmam as gestoras. A estabilidade recente nas taxas de câmbio e uma métrica de volatilidade próxima do menor nível em três anos refletem a resistência dessas moedas.

"Este episódio de aumento nas taxas de juros nos mercados desenvolvidos dificilmente será tão negativo quanto durante a onda de vendas de 2013", causada pelo chamado taper tantrum (reação violenta dos mercados à sinalização de início da retirada dos estímulos monetários nos EUA), disse Abbas Ameli-Renani, gestor de carteiras de títulos e moedas de mercados emergentes da Amundi, que supervisiona US$ 1,2 trilhão.

"Continuamos confortáveis com nossa exposição cambial a moedas de maior rendimento dos mercados emergentes diante do reequilíbrio externo em curso, como por exemplo o peso mexicano e o real."

Com o Federal Reserve na dianteira, os principais bancos centrais se preparam para reverter políticas de crédito farto à medida que suas economias se recuperam e os custos de captação aumentam. Na semana passada, o Canadá subiu a taxa básica de juros pela primeira vez desde 2010 e se tornou o primeiro país do Grupo dos Sete a se juntar aos EUA. Já o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra sinalizaram a necessidade de aperto.

A retirada gradual dos estímulos é um desafio inédito que pode ser mais perturbador do que se pensa, afirmou na terça-feira passada o presidente do conselho do JPMorgan Chase, Jamie Dimon.

Ainda assim, o MSCI Emerging Markets Currency Index sobe em julho e está mais alto que há um mês, quando o Banco do Canadá surpreendeu o mercado com uma sinalização firme de que estava pronto para elevar os juros. O J.P. Morgan Emerging Market Volatility Index caiu na semana passada, revertendo um avanço de duas semanas, e permanece próximo do menor nível desde 2014.

Na sexta-feira, um índice do dólar desabou para o menor patamar em 10 meses e completou sua pior semana desde maio, após dados econômicos decepcionantes intensificarem as dúvidas em relação a acréscimos adicionais nos juros pelo Fed neste ano.

Moedas de mercados emergentes têm chamado a atenção dos investidores que buscam rendimento no mundo todo. Juros maiores atraíram recursos do exterior, ajudando as contas externas dessas nações. A queda da inflação aumentou o apelo de muitos desses mercados. E na Índia e Indonésia, as autoridades implementaram programas para impulsionar a economia.

O HSBC Holdings declarou otimismo em relação aos títulos públicos do México, África do Sul, Índia, Indonésia, Malásia e Rússia, citando a expectativa de recuo dos prêmios de risco de inflação, que tende a achatar as curvas de juros.

Moedas asiáticas ocupam o topo da lista de preferências em uma pesquisa da Bloomberg junto a especialistas em mercados emergentes, que destacaram a resistência dessas moedas aos riscos que surgirão em breve.

"O que é realmente diferente hoje é que a vulnerabilidade dos mercados emergentes está mais concentrada em um conjunto pequeno de países que não constituem partes grandes dos principais índices de ações ou dívida", explicou Morgan Harting, gestor de carteiras da AllianceBernstein em Nova York. Segundo ele, houve melhora dos fundamentos no Brasil, Turquia, Indonésia, Índia e Tailândia, que foram alguns dos países mais afetados durante o "taper tantrum" em 2013.

O aumento das reservas internacionais deixou as nações em desenvolvimento com "mais poder de fogo" do que há quatro anos para absorver choques globais, dando aos investidores "maior confiança na estabilidade macroeconômica de um país ou região emergente", disse Viraj Patel, estrategista de câmbio do ING Groep em Londres.