BCE vai examinar opções para o QE no 4º trimestre, dizem fontes
(Bloomberg) -- Funcionários do Banco Central Europeu trabalham discretamente em planos de estímulo que o alto escalão da instituição vai considerar quando voltar do recesso de verão.
Equipes do BCE em Frankfurt estão examinando cenários para a trajetória futura da flexibilização quantitativa (QE) antes da decisão do Conselho Geral que deve ocorrer em setembro ou depois disso, segundo pessoas a par do assunto que pediram anonimato porque o trabalho é confidencial. Um porta-voz do BCE se recusou a comentar.
A análise não significa que a mudança no estímulo é iminente. Não foram elaboradas propostas definitivas ou um cronograma e as autoridades, que se encontram por dois dias a partir desta quarta-feira em Frankfurt, ainda não discutiram formalmente o fim das compras de títulos. Segundo as fontes, é limitado o interesse por qualquer mudança substancial de linguagem no momento.
Integrantes do Conselho Geral concordam que precisam proceder cuidadosamente. A maior preocupação é que qualquer sinal de que a compra de títulos será reduzida cause sobressaltos no mercado, elevando os rendimentos e prejudicando a recuperação econômica da zona do euro.
O risco foi enfatizado pela disparada dos rendimentos dos títulos e da moeda única após o discurso do presidente do BCE, Mario Draghi, em 27 de junho. Ele declarou em Sintra, Portugal, que forças reflacionárias agora estão atuando na zona do euro.
As condições financeiras voltaram a ficar mais flexíveis desde esses comentários, mas o euro está próximo do nível mais valorizado em relação ao dólar desde 2015, sendo negociado por US$ 1,1523 às 10:30 em Frankfurt nesta quarta-feira.
"O maior desafio do BCE é que a perspectiva de inflação ainda não é nada clara. Eles deram muita ênfase recentemente à decepção com o crescimento dos salários, apesar da recuperação no mercado de trabalho", disse o economista Marchel Alexandrovich, da Jefferies, em Londres. "Isso quer dizer que mesmo em setembro eles podem não estar em condições de oferecer um plano claro para o ritmo de redução dos estímulos no ano que vem."
A reação do mercado tornou as autoridades monetárias mais cautelosas, segundo três das fontes entrevistadas. A programação atual é que a compra mensal de títulos continuará em 60 bilhões de euros (US$ 69 bilhões) pelo menos até o fim do ano.
É provável que o alto escalão do BCE seja informado que a perspectiva não mudou muito desde a última sessão, em Talin, na Estônia, seis semanas atrás.
A economia continua se expandindo em ritmo robusto, mas inflação e salários seguem contidos, sem muitos sinais de que vão se acelerar. A queda do preço do petróleo e o euro valorizado também serão examinados.
O índice de preços ao consumidor avançou 1,3 por cento nos 12 meses até junho, sendo que a meta é pouco abaixo de 2 por cento. O BCE afirmou repetidas vezes que o crescimento econômico ainda é dependente da continuidade do apoio monetário.
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