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Microsoft aposta mais alto nos chips em busca da liderança em IA

Dina Bass e Ian King

24/07/2017 11h11

(Bloomberg) -- As empresas de tecnologia estão interessadas em levar características interessantes da inteligência artificial aos telefones e óculos de realidade aumentada -- recurso que mostra aos mecânicos como consertar um motor, por exemplo, ou conta aos turistas em seu próprio idioma o que eles estão vendo e ouvindo. Mas existe um grande desafio: gerenciar a vasta quantidade de dados que torna essas proezas possíveis sem deixar os aparelhos muito lentos ou consumir a bateria em minutos e estragar a experiência do usuário.

A Microsoft afirma ter a resposta com um design de chip para seus óculos HoloLens -- um processador extra de inteligência artificial (IA) que analisa o que o usuário vê e ouve diretamente no dispositivo em vez de desperdiçar preciosos microssegundos reenviando os dados para a nuvem. O novo processador, uma versão da Unidade de Processamento Holográfico já existente da empresa, será revelado nesta segunda-feira em evento em Honolulu, no Havaí. O chip está em desenvolvimento e será incluído na próxima versão do HoloLens; a empresa não informou uma data.

Esta é uma das poucas vezes em que a Microsoft está executando todas as funções (exceto a de fabricação) no desenvolvimento de um novo processador. A empresa afirma que este é o primeiro chip do tipo projetado para um dispositivo móvel.

A internalização do processo de fabricação de chips está cada vez mais em voga porque as empresas estão concluindo que os processadores padronizados não são capazes de liberar o máximo potencial da IA. A Apple está testando protótipos do iPhone com um chip projetado para processar IA, disse em maio uma pessoa com conhecimento do trabalho. O Google está na segunda versão de seus próprios chips de IA. Para convencer as pessoas a comprarem a próxima geração de aparelhos -- telefones, headsets de realidade virtual e até carros --, a experiência terá que ser rápida como um relâmpago e harmônica.

"O consumidor vai esperar que não haja quase nenhum atraso e que o aparelho faça o processamento em tempo real", disse Jim McGregor, analista da Tirias Research. "Em um carro autônomo não podemos perder tempo recorrendo à nuvem para tomar decisões para evitar uma batida, para evitar um atropelamento. A quantidade de dados que sai dos veículos autônomos é tão grande que não se pode enviar tudo para a nuvem." Em 2025, afirma, todos os aparelhos com os quais as pessoas vão interagir terão IA embutida.

A Microsoft trabalha em seus próprios chips há alguns anos. A empresa criou um processador de rastreamento de movimento para o sistema de videogames do Xbox Kinect. Mais recentemente, para fazer frente à Google e à Amazon.com no setor de serviços em nuvem, a empresa usou chips customizáveis, conhecidos como arranjos de portas programáveis em campo (FPGA, na sigla em inglês), para utilizar sua capacidade de IA em desafios do mundo real. A Microsoft compra os chips da Altera, uma subsidiária da Intel, e os adapta aos seus próprios propósitos usando o software, uma capacidade única desse tipo de chip.

Em uma mostra de força, no ano passado, a Microsoft usou milhares desses chips de uma vez para traduzir todo o conteúdo da Wikipedia em inglês para o espanhol -- 3 bilhões de palavras distribuídas em cinco milhões de artigos -- em menos de um décimo de segundo.

Na sequência, a Microsoft permitirá que seus clientes de nuvem utilizem esses chips para acelerar suas próprias tarefas de IA -- um serviço que a empresa disponibilizará em algum momento no ano que vem. Os clientes poderiam utilizá-lo para fazer coisas como reconhecer imagens de grandes conjuntos de dados ou usar algoritmos de aprendizado de máquinas para prever padrões de compras dos clientes.

"Estamos levando isso muito a sério", disse Doug Burger, um engenheiro destacado da Microsoft Research, que trabalha na estratégia de desenvolvimento de chips da empresa para a nuvem. "Nossa aspiração é ser a número 1 em nuvem com IA."