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Para PGI, Fed decidirá volta da volatilidade nas bolsas dos EUA

Natasha Rausch e Katherine Chiglinsky

26/07/2017 13h36

(Bloomberg) -- O banco central dos EUA será um catalisador mais provável de volatilidade nos mercados do que os políticos que se digladiam em Washington, disse Seema Shah, da Principal Global Investors.

"Eu não acho que a política dos EUA será o fator que causará um estalo no VIX", disse a estrategista global de investimentos da Principal Financial Group, que administra US$ 410 bilhões. "Acho que o Fed vai causar o estalo no VIX", ela afirmou, se referindo ao índice de volatilidade calculado pela Bolsa de Opções de Chicago (CBOE).

De modo geral, a agenda proposta pelo presidente Donald Trump está empacada desde que ele assumiu a Casa Branca em janeiro. Ele também abandonou tradições políticas ao demitir o diretor do FBI, zombar de seu secretário de Justiça e questionar o valor de tratados internacionais.

Ainda assim, a volatilidade nos mercados dos EUA atingiu seu menor nível histórico nesta semana, intensificando temores em relação ao excesso de complacência dos investidores.

"A política dos EUA não altera a parte fundamental da economia", ela disse. "Os fundamentos se sobrepõem ao lado fiscal."

O mercado acionário disparou após a eleição presidencial nos EUA em novembro. O S&P 500 avançou 16 por cento. Na visão da estrategista, as ações ainda têm fôlego, contanto que o banco central (Federal Reserve) mantenha o ritmo gradual de acréscimo nos juros. A autoridade monetária elevou a taxa básica duas vezes neste ano.

"É o ambiente perfeito para as ações", ela disse. "Há crescimento sólido e inflação fraca, o que significa que os bancos centrais podem se mexer bem lentamente."

Ainda assim, os bancos centrais eventualmente terão de diminuir os balanços patrimoniais que acumularam para incentivar o crescimento econômico. Ainda não se sabe quando o Fed começará a reduzir seu balanço de US$ 4,5 trilhões, formado sobretudo por títulos do Tesouro americano e títulos vinculados a financiamentos imobiliários.

"Eu sei que as pessoas acreditam que será muito fácil", afirmou Shah. "Mas é algo que não se sabe."

Ações europeias

Shah prefere as ações europeias por causa dos múltiplos e recomenda diversificação.

"A esta altura, eu gosto dos ativos dos EUA, mas não é o melhor momento para ter tudo lá, então por isso é bom olhar para a Europa e o Japão também", ela disse. "Eu ainda acho que muita coisa vai acontecer no Japão, que é outra das minhas regiões preferidas."

A decisão do eleitorado britânico no ano passado de sair da União Europeia e movimentos
populistas nos EUA e na França representam oportunidades, na opinião de Shah. Ela recomenda que os investidores apostem na França após a vitória de Emmanuel Macron na eleição presidencial de maio, quando ele derrotou a candidata Marine Le Pen, que é contra o euro. Para a estrategista, a França também deve se beneficiar com o Brexit.

"Estruturalmente, a França tem muito mais a seu favor do que tinha no início deste ano", avaliou Shah. "Eles não só se saíram bem, como têm um presidente com ideias genuinamente reformistas para a França e que defende uma Europa mais integrada."