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Companhia aérea dá tratamento diferenciado às mulheres

Justin Bachman

27/07/2017 13h32

(Bloomberg) -- Em um país onde as mulheres que viajam enfrentam diversos perigos, uma companhia aérea indiana teve uma ideia: cavalheirismo e nada de assentos no meio.

Com seu serviço Woman Flyer, a Vistara passou a oferecer às mulheres que viajam sozinhas ajuda com a bagagem, acompanhamento ao transporte terrestre e assento preferencial na janela ou no corredor em seus voos --não no meio. A aérea com sede em Nova Déli afirma que entre 75 e 100 mulheres utilizam o serviço gratuito a cada dia. Acredita-se que esta seja a primeira companhia aérea a oferecer um serviço desse tipo.

Sanjiv Kapoor, diretor comercial e estratégico da Vistara, disse que a companhia passou a oferecer o serviço por perceber que algumas mulheres pediam ajuda depois da aterrissagem.

"Nossos funcionários estão preparados para ajudar mulheres que viajam sozinhas a reservar táxis autorizados pelos aeroportos e também para acompanhá-las ao stand de táxi do aeroporto caso elas solicitem", disse Kapoor, por e-mail. "Este serviço é um esforço sincero de tranquilizar nossas clientes."

Projeta-se que a Índia vai se tornar o sexto maior mercado de viagens corporativas do mundo até 2019, de acordo com a Global Business Travel Association, mas o país ganhou fama internacional de não ser seguro para as mulheres --particularmente depois do brutal caso de estupro, tortura e assassinato de uma estudante de Medicina que foi atacada em um ônibus público em Nova Déli em 2012.

Risco de agressão sexual

Em suas recomendações aos cidadãos sobre viagens à Índia, o Departamento de Estado dos EUA aborda sem rodeios o risco de agressão sexual: "Os cidadãos dos EUA, particularmente as mulheres, são advertidos a não andar sozinhos na Índia".

A Austrália e o Reino Unido também alertam, embora de forma um pouco mais contida, que mulheres evitem andar sozinhas no transporte público indiano. Em casos de agressão sexual na Índia, "ações penais bem-sucedidas são raras", alerta o Departamento de Negócios Estrangeiros da Austrália. O assédio nas ruas é comum.

Os problemas para o turismo na Índia estão diretamente ligados a questões culturais relativas à inequidade de gênero na sociedade indiana, disse Marta Turnbull, editora do International Women's Travel Center, um site de recursos que compila uma lista dos 10 países mais perigosos para as viajantes usando diversos alertas governamentais de viagens, dados das Nações Unidas e outras fontes. A Índia ocupa o quinto lugar da lista, que também inclui Brasil, México, Rússia e Arábia Saudita.

"Realmente identificamos uma correlação entre o que acontece com as mulheres locais e as viajantes", disse Turnbull, que mora em Boulder, Colorado. "Muitos ativistas estão assumindo essa questão. Somos otimistas com relação a que as coisas vão melhorar, mas ainda vai demorar --um bom tempo."

Rotas internacionais no horizonte

A Vistara espera oferecer seu novo serviço para as mulheres também em voos internacionais quando se expandir fora da Índia.

Em maio, a Bloomberg News informou que a aérea, que opera uma frota doméstica formada exclusivamente por aeronaves Airbus A320, buscava recrutar pilotos com experiência em aviões Boeing --um sinal de que a companhia estuda arrendar ou comprar aeronaves Boeing para rotas mais longas fora do país. O conglomerado indiano Tata Sons possui 51% da Vistara, que começou a operar em janeiro de 2015; a Singapore Airlines controla o restante.

Duas aéreas concorrentes, a IndiGo e a Jet Airways India, não responderam às mensagens com pedidos de comentário sobre o novo serviço da Vistara dedicado às mulheres, que foi iniciado em março.