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Economia da zona do euro se firma e BCE reavalia estímulos

Maria Tadeo

28/07/2017 13h43

(Bloomberg) -- Com a economia em forte expansão e a confiança dos agentes sinalizando fôlego adiante, a zona do euro agora só tem dificuldades para lidar com a inflação.

Diversos dados destacaram a natureza robusta e ampla da aceleração da economia da região formada por 19 países. O Banco Central Europeu aposta que esse vigor vai incentivar o aumento dos preços e fazer a inflação se aproximar de sua meta. A confiança na economia teve melhora inesperada e duas das maiores economias do bloco prorrogaram fases de substancial crescimento.

"O avanço é mais forte do que se esperava - provavelmente mais forte do que o BCE esperava --, mas a inflação ainda não chegou lá", disse Johannes Mayr, economista sênior do Bayerische Landesbank, em Munique. "É um caminho difícil de trilhar. O BCE tem de reduzir estímulos, mas manter uma postura branda, e fazer o aperto monetário sem colocar a recuperação em perigo."

O sentimento econômico na zona do euro atingiu a maior pontuação em uma década de 111,2 em julho, em vista do maior otimismo nos setores de serviços e construção civil, segundo dados da Comissão Europeia. A confiança na indústria permaneceu no maior nível em mais de seis anos.

Já a França experimenta sua expansão contínua mais robusta desde 2011. Puxado por exportações e investimentos, o PIB se expandiu 0,5 por cento no segundo trimestre. O sentimento dos empresários na segunda maior economia do bloco melhorou após a eleição de Emmanuel Macron, um presidente que promete tornar o país mais competitivo.

Na Espanha, quarta maior economia do bloco, o PIB cresceu 0,9 por cento, o ritmo mais rápido desde 2015. A economia da Áustria também se expandiu 0,9 por cento no segundo trimestre e teve seu melhor desempenho em mais de seis anos.

"O atual impulso cíclico positivo aumenta a chance de um avanço econômico mais forte do que o esperado", afirmou o presidente do BCE, Mario Draghi, após a reunião do Conselho Geral dos dias 19 e 20 de julho, acrescentando que os riscos de decepção são mais confinados a fatores globais.

Com a economia em marcha firme, as autoridades têm esperanças de que a melhora do mercado de trabalho e o fechamento do hiato do produto vão finalmente engendrar uma aceleração sustentável da inflação, permitindo que retirem parte dos estímulos sem precedentes que implementaram nos últimos três anos.

Uma métrica da utilização da capacidade instalada nas fábricas da zona do euro aumentou e as expectativas para os preços de venda subiram em todos os setores, segundo o relatório da Comissão Europeia.

Empresas como a francesa Rémy Cointreau e a alemã Adidas se beneficiam do aumento da demanda que também é gerado pela queda do desemprego. A fabricante de conhaque divulgou um aumento de 8 por cento no faturamento trimestral que superou as projeções dos analistas. Já a fabricante de artigos esportivos anunciou que 2017 será ainda melhor do que previa.

Draghi pretende começar no quarto trimestre a discutir a trajetória futura da flexibilização quantitativa (QE) e os investidores estão atentos a cada palavra dele para entender o cronograma e escopo do processo de redução das compras de ativos, que atualmente estão programadas para durar até dezembro.

O Fundo Monetário Internacional defendeu que o BCE mantenha sua postura de "firme acomodação" até que a inflação entre de forma sustentável em uma trajetória na direção de sua meta. Os preços ao consumidor subiram 1,3 por cento nos 12 meses até junho e Draghi disse que devem permanecer ao redor desse patamar nos próximos meses. Em julho, os índices de inflação em 12 meses ficaram em 1,5 por cento na Alemanha e 0,8 por cento na França.

(Atualizações com comentários do economista do quarto parágrafo.)

--Com a colaboração de Mark Deen Andre Tartar e Kristian Siedenburg