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Bancos mais lesados de Wall Street ainda penam com a crise

Yalman Onaran

31/07/2017 11h42

(Bloomberg) -- Hoje faz 10 anos que dois fundos de hedge do Bear Stearns empanturrados de instrumentos garantidos por hipotecas de alto risco pediram recuperação judicial. Para o sistema financeiro, eles poderiam ter sido os canários que, ao morrer, alertam para o vazamento de gases venenosos nas minas de carvão. O colapso veio 15 meses depois.

Após bancos ao redor do mundo terem perdido US$ 2 trilhões e recebido US$ 700 bilhões em resgates, os seis maiores dos EUA estão ganhando quase tanto dinheiro quanto em 2007. Mas a recompensa não é igual para todos. As ações dos que receberam os maiores pacotes de resgate do governo -- Citigroup e Bank of America - ainda estão muito abaixo de onde estavam no dia em que os canários morreram.

Bancos que penaram menos durante a crise tiveram desempenho melhor desde então. A ação do JPMorgan Chase ? que perdeu metade do que o Citigroup perdeu com instrumentos garantidos por hipotecas de segunda linha ? dobrou de valor. Porta-vozes de todos os seis bancos se recusaram a comentar.

Muitas novas regras e órgãos reguladores mais exigentes forçaram os bancos a elevar seus níveis de capital, que servem para amortecer perdas durante períodos críticos.

Muitos grandes bancos sucumbiram à crise devido ao excesso de alavancagem - ou seja, usando dinheiro emprestado por períodos curtos e colocando pouco patrimônio dos acionistas na retaguarda. Ajustando para os padrões mais rígidos em vigor atualmente, o capital do Bear Stearns representava aproximadamente 2 por cento de suas obrigações totais na época. Isso significa que seus ativos precisavam perder, na média, 2 por cento do valor para acabar com o capital da instituição.

Com o acúmulo das perdas com as hipotecas de alto risco, os credores de recursos de curto prazo pressionaram o Bear Stearns, que foi forçado a se vender para o JPMorgan em março de 2008. Hoje, a razão entre capital e ativos do JPMorgan é de quase 7 por cento sob os padrões internacionais mais recentes.

--Com a colaboração de Chloe Whiteaker