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HSBC é o 1º banco a mostrar conta do Brexit: US$ 300 milhões

Stephen Morris

31/07/2017 10h57

(Bloomberg) -- O HSBC Holdings terá até US$ 300 milhões em despesas jurídicas e com deslocamento de operações devido à mudança de 1.000 funcionários para Paris. A informação é uma das primeiras indicações do custo do Brexit para o setor financeiro.

O maior banco da Europa contabilizou uma despesa de US$ 4 milhões no segundo trimestre, referente a "custos associados à saída do Reino Unido da União Europeia". O presidente Stuart Gulliver afirmou que esse valor deve subir para US$ 200 milhões a US$ 300 milhões. O HSBC planeja relocar para a França aproximadamente um quinto dos profissionais de banco de investimento que atualmente trabalham em Londres, a fim de manter acesso ininterrupto ao mercado comum da UE.

"O total é efetivamente o custo da transição para a França", disse Gulliver durante conferência por telefone com repórteres nesta segunda-feira. "A receita que achamos estar em risco devido ao Brexit é cerca de US$ 1 bilhão, mas não esperamos perder" isso porque a transferência de pessoal vai proteger os negócios afetados.

Executivos do setor financeiro de Londres alertaram para as consequências dolorosas para o mercado de trabalho e para os investimentos no caso do chamado Brexit "à beira do abismo" (no qual não se chega a um acordo mútuo de livre comércio antes do encerramento do período de renegociação, de dois anos). Diante do progresso limitado pouco mais de um ano após o referendo, instituições como Morgan Stanley e Citigroup acionaram planos de contingência para transferir ou contratar centenas de banqueiros em bases expandidas dentro da UE. Frankfurt e Dublin foram as duas cidades mais beneficiadas até o momento.

O comandante do conselho do HSBC, Douglas Flint, também aproveitou a discussão sobre os resultados trimestrais para reiterar um alerta de que a fragmentação do setor bancário europeu para longe de Londres causaria aumento dos custos e queda do financiamento para governos e empresas.

"A Europa não pode permitir que sua capacidade e seus recursos financeiros sejam diminuídos", ele afirmou no documento contendo os resultados. Não se sabe se "as economias da Europa continuarão tendo acesso pelo menos à mesma quantia de capacidade financeira e serviços relacionados de gestão de risco e tão prontamente disponíveis e com preço similar ao que gozaram com o Reino Unido como parte da UE."

Por exemplo, o Banco da Inglaterra calculou que um aumento de apenas 0,01 ponto percentual por causa da separação da liquidação de swaps de juros pode custar a instituições na zona do euro 22 bilhões de euros (US$ 25,8 bilhões) por ano, segundo relatório divulgado pelo banco central britânico em 27 de junho. Londres pode perder 10.000 postos de trabalho em bancos e 20.000 em instituições de serviços financeiros enquanto os clientes retiram 1,8 trilhão de euros em ativos do Reino Unido devido ao Brexit, segundo o instituto de estudos Bruegel.