Compradores usam petróleo leve para atender procura por diesel
(Bloomberg) -- O capitão Tsitrelis Ioannis e os 26 tripulantes do navio Malibu chegaram a Ulsan no início de agosto após navegarem quase 9.000 milhas náuticas para entregar um milhão de barris de petróleo cazaque CPC, do Mar Negro à Coreia do Sul, uma das principais compradoras do maior mercado de petróleo do mundo.
Outro carregamento de óleo leve, que é menos sulfuroso do que os tipos mais pesados, deverá chegar em alguns meses a Ulsan vindo de ainda mais longe -- dos EUA -- para ser processado pela SK Innovation, a maior empresa de refino da Coreia do Sul. Os dois carregamentos fazem parte da onda de variedades similares que está chegando à Ásia em um momento em que as empresas buscam processar o tipo de petróleo que rende mais diesel para capitalizar a crescente demanda pelo combustível.
No mês passado, as margens de lucro da produção de diesel na Ásia atingiram o nível mais elevado desde novembro de 2015, contrariando a expectativa de queda sazonal típica da demanda nessa época do ano devido às chuvas de monção. Os ganhos incomuns têm sido impulsionados pelas importações maiores de diesel mais limpo pela Índia depois que o governo impôs novos padrões de qualidade e pelo fato de a China estar usando uma quantidade maior para alimentar a expansão de seus setores industrial e de construção.
"Não há motivo para não comprar mais", disse Kim Wookyung, porta-voz da SK Innovation, por telefone, de Seul. "As margens desses combustíveis estão bastante elevadas."
Na Ásia, os lucros da transformação do petróleo de referência de Dubai em diesel subiram para US$ 14,38 o barril em 31 de julho, um ganho de 57 por cento desde que tocou o menor patamar em nove meses, em 4 de maio. O chamado crack spread, como é conhecido, estava em US$ 12,64 o barril às 12h05 em Cingapura na quarta-feira. O rápido aumento ajudou a elevar as margens globais de refino de petróleo para US$ 7,82 o barril em 7 de agosto, alta de mais de 200 por cento em relação ao ano anterior, segundo dados compilados pela Bloomberg.
"A demanda por diesel tem sido forte nas economias emergentes, incluindo Filipinas, Indonésia e Índia, em um momento em que estas se concentram no aumento do investimento em infraestrutura", disse Peter Lee, analista da BMI Research. "A demanda chinesa por diesel voltou a crescer no segundo trimestre com a recuperação do consumo dos setores industrial e de construção."
Isso levou as empresas de refino sul-coreanas SK Innovation e GS Caltex, entre as principais exportadoras regionais de combustíveis destilados, a vasculharem países como Argélia e EUA atrás de petróleo leve.
Apesar de os métodos de perfuração de baixo custo terem aberto vastos depósitos em lugares como o Texas, a oferta dos campos de xisto dos EUA é principalmente de petróleo leve e de baixo teor de enxofre e muitas refinarias da Costa do Golfo dos EUA não foram projetadas para processar esse tipo de óleo. Como resultado, as exportações subiram rapidamente e os EUA agora exportam mais do que alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Com o aumento do apetite por petróleo leve em novos lugares, o capitão Ioannis irá provar novos mares e já está se preparando para embarcar em sua próxima viagem. Embora ainda não tenha sido informado do destino, ele não descarta nenhum país. "Eu viajo para todos os lugares", disse ele, a bordo do Malibu, que flutuava a 5 quilômetros ao largo de Ulsan.
(Atualizações com margem de lucro no quinto parágrafo.)
--Com a colaboração de Sharon Cho Debjit Chakraborty Tsuyoshi Inajima e Serene Cheong
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