Comprimido azul está freando HIV de Sidney a São Francisco
(Bloomberg) -- Kyle, de 29 anos, originário de Sidney, nunca conheceu uma época em que o HIV não fosse uma ameaça persistente e perniciosa -- até começar a tomar um comprimido para evitá-lo.
O comprimido antiviral azul e ovalado, conhecido como Truvada, que Kyle toma diariamente, é objeto de um estudo no estado australiano de Nova Gales do Sul que, em menos de um ano, ajudou a reduzir o número de novos casos do vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês), causador da AIDS, entre homens gays e bissexuais aos níveis mais baixos desde 1985.
"É bom fazer parte disso", disse Kyle, um assistente de varejo que entrou em um programa chamado profilaxia pré-exposição (PrPE) em janeiro para diminuir o medo de ser infectado pelo HIV durante o sexo nas ocasiões em que não usa preservativo. "Eu me sinto muito mais seguro."
Trinta e seis anos depois que uma rara infecção pulmonar em homens gays de Los Angeles anunciou o começo da epidemia de AIDS na América do Norte, a doença fatal está recuando firmemente em todo o mundo. Pela primeira vez, mais da metade das pessoas que vivem com HIV está em tratamento para suprimir o vírus, que evita os sintomas e previne a transmissão. E milhares de pessoas estão usando o Truvada, da Gilead Sciences, no teste de PrPE que está limitando a propagação em comunidades de Londres a São Francisco.
A PrPE reduz o risco de transmissão do HIV durante o sexo em mais de 90 por cento caso o comprimido -- uma combinação de dose fixa das drogas tenofovir disoproxil e emtricitabina -- seja tomado diariamente. Em um momento em que versões genéricas mais baratas do Truvada produzidas por Mylan, Cipla e Teva Pharmaceutical Industries estão se tornando mais amplamente disponíveis, médicos e pesquisadores de saúde pública estão testando sua capacidade de reduzir a incidência do HIV no mundo em desenvolvimento, especialmente na África subsaariana, onde a doença é transmitida principalmente pelo sexo heterossexual.
Os diagnósticos de HIV no centro de saúde sexual mais movimentado do Reino Unido -- a clínica 56 Dean Street, no Soho de Londres -- caíram 42 por cento no ano passado, e em São Francisco foram reduzidos pela metade desde que a PrPE foi aprovada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês), em julho de 2012.
A Gilead calcula que 136.000 pessoas tomavam o Truvada como PrPE no fim do segundo trimestre, contra entre 60.000 e 70.000 um ano antes. O número ainda representa uma fração do 1,2 milhão de adultos norte-americanos sob risco significativo de se tornarem soropositivos, que, segundo os pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, são candidatos ao regime.
O tratamento preventivo atualmente representa cerca de metade das vendas do comprimido nos EUA, disse o gerente de operações da Gilead, Kevin Young, em julho. As vendas do medicamento, iniciadas há 13 anos, chegaram a US$ 3,57 bilhões em 2016 e responderam por quase 12 por cento da receita da empresa com sede em Foster City, Califórnia.
--Com a colaboração de Caroline Chen Naomi Kresge e Hannah Dormido
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.