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Rival eleitoral de Merkel a critica pela crise do diesel

Arne Delfs

28/08/2017 11h55

(Bloomberg) -- O principal adversário eleitoral da chanceler alemã Angela Merkel intensificou os ataques focando em seu histórico, retratando-a como lenta para enfrentar a crise dos veículos a diesel do país, branda com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e desconectada dos eleitores.

Faltando quatro semanas para as eleições na Alemanha, o candidato do Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão), Martin Schulz, lançou suas críticas mais amplas até o momento contra Merkel, cujo bloco liderado pela União Democrata-cristã ultrapassa o SPD em até 17 pontos percentuais nas pesquisas nacionais. A disputa, retratada em várias entrevistas de televisão, é uma amostra de como será o único debate de TV entre os dois candidatos, marcado para o domingo 3 de setembro.

Merkel viaja a Paris nesta segunda-feira para participar de reuniões organizadas pelo presidente francês Emmanuel Macron sobre a imigração na Europa. Essa é uma oportunidade para a chanceler reforçar seu papel como líder europeia com mais anos de serviço enquanto busca obter um quarto mandato na eleição de 24 de setembro após 12 anos no cargo.

"Cada vez mais pessoas estão percebendo o quanto a Sra. Merkel se tornou distante", disse Schulz, 61, à emissora ARD em uma entrevista no domingo, dizendo que quer poupar a Alemanha de "anos de estagnação e agonia política". Consultada em entrevista à emissora ZDF sobre os comentários dele, Merkel respondeu "ainda tenho a força e a curiosidade" para dirigir o país.

Schulz, cujo Partido Social-Democrata foi parceiro da coalizão de Merkel nos últimos quatro anos, se concentrou na forma em que ela lidou com a crise dos veículos a diesel. Ele alegou que ela "não tem nenhum plano" para lidar com o escândalo que eclodiu há dois anos quando foi revelado que a Volkswagen manipulou os dados sobre as emissões de seus veículos nos EUA.

Os veículos a diesel se transformaram inesperadamente em um assunto da campanha eleitoral, já que o governo de Merkel enfrenta pressão para impedir que os tribunais proíbam usar esses carros e assim evitar o colapso das vendas desses veículos.

Lidar com essa crise será algo muito delicado na Alemanha, onde um de cada cinco empregos depende da indústria e o setor representa mais da metade do superávit comercial do país.

O social-democrata também criticou Merkel por ela não ter convencido outros países da União Europeia a receberem um grande número de refugiados, pressionou-a a assumir uma posição mais dura contra Erdogan pela prisão de cidadãos alemães e promoveu um plano de 12 bilhões de euros (US$ 14 bilhões) para melhorar as escolas.

Merkel, que vem evitando mencionar Schulz em suas aparições de campanha, reconheceu seu oponente durante a entrevista concedida à ZDF.

"Estou feliz em pronunciar essas duas palavras em voz alta", disse ela. "E estou aguardando ansiosamente o debate da TV."

--Com a colaboração de Rainer Buergin