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Exploradores de xisto do Canadá diminuem ritmo de operação

Robert Tuttle e Kevin Orland

30/08/2017 14h06

(Bloomberg) -- Após começarem o ano a um ritmo acelerado, os exploradores das riquezas do xisto canadense estão dando um passo atrás, assim como seus pares na Bacia do Permiano, ao sul da fronteira.

Como a recuperação do petróleo está estagnando e as operações de xisto em Alberta e na Colúmbia Britânica rendem suficiente petróleo bruto e gás natural para atingir as metas do ano, produtoras como a Painted Pony Energy e a Baytex Energy talvez estejam pisando no freio após uma onda de gastos que levou o número de poços perfurados a mais de 3.000 no primeiro semestre, mais que o dobro do ritmo anterior.

Elas ainda vão investir, perfurar e produzir muito mais do que no ano passado, mas à medida que compreendem que uma recuperação sólida dos preços poderia demorar mais do que muitos esperavam, uma maior dose de cautela se infiltra em seus orçamentos.

"Prevejo uma desaceleração do dispêndio de capital para este ano", disse o CEO da Painted Pony Energy, Patrick Ward, em entrevista. "Dá para ver que agora os orçamentos estão em retração, não em expansão."

A contenção reflete os cortes de gastos feitos pelas exploradoras de xisto dos EUA, como Marathon Oil e Hess, que mesmo assim projetam que vão atingir ou superar as metas de produção graças a avanços na tecnologia de perfuração, que tornam os poços mais produtivos. A abordagem mais parcimoniosa pode ser uma boa notícia para os investidores, que até agora têm punido as produtoras canadenses com uma queda de 18 por cento no índice de energia S&P/TSX neste ano, em comparação com só 14 por cento para os americanos.

Contudo, os canadenses enfrentam mais obstáculos - como a escassez de financiamento e o fortalecimento da moeda, que está diminuindo a rentabilidade das exportações de petróleo bruto e gás, para mencionar apenas dois dos problemas.

Revisões

A Painted Pony, que produz gás natural de uma porção da formação de xisto de Montney, no nordeste da Colúmbia Britânica, intensificou o dispêndio de capital em 64 por cento em relação ao ano anterior, para aproximadamente 58 milhões de dólares canadenses (US$ 49 milhões) no trimestre passado, em parte por uma aquisição concluída pela empresa em maio. A companhia perfurou 11 poços, contra cinco no segundo trimestre de 2016.

Agora, a produtora com sede em Calgary está reavaliando seu orçamento para o segundo semestre do ano e considera a possibilidade de reduzir o gasto de capital, disse Ward. O principal fator na decisão é o preço do gás, que caiu cerca de 20 por cento até o momento em 2017.

A Baytex também reduziu seu teto de dispêndio de capital para este ano, de 350 milhões de dólares canadenses para 330 milhões de dólares canadenses, e elevou a projeção mínima de produção, de 68.000 barris diários de equivalente de petróleo para 69.000 barris.

As exploradoras canadenses perfuraram 3.344 poços no primeiro semestre, em comparação com 1.439 um ano antes, segundo a Petroleum Services Association of Canada, principal grupo do setor de fornecedores de serviços para campos petrolíferos. A disparada surpreendeu os analistas e levou a associação a aumentar três vezes sua projeção de poços perfurados neste ano, de 4.175 para 7.200.