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Apple aposta em realidade aumentada para vender iPhone mais caro

Alex Webb e Mark Gurman

13/09/2017 12h11

(Bloomberg) — A Apple encheu o iPhone que custa US$ 1.000 de recursos de realidade aumentada, apostando que a nova tecnologia convencerá os consumidores a pagar preços altos por seus produtos, apesar da abundância de alternativas mais baratas.

O iPhone X, o telefone mais caro da história da Apple, foi um dos três modelos novos que o CEO Tim Cook exibiu durante um evento na nova sede de US$ 5 bilhões da empresa em Cupertino, Califórnia, na terça-feira. Também foi lançado um Apple Watch atualizado com conexão celular e um conversor Apple TV compatível com vídeo de alta definição.

O evento marcou o 10º aniversário do iPhone original e começou relembrando o falecido cofundador da empresa, Steve Jobs. Os produtos anunciados foram recebidos com entusiasmo, mas com pouca surpresa, pelos analistas, investidores e fãs dos produtos da companhia. Os recursos do Watch elevaram as ações da Apple em mais de 1 por cento, mas o iPhone X apresentou poucos recursos revolucionários que ainda não haviam sido divulgados, e as ações perderam esses ganhos e encerraram o dia com uma queda de 0,4 por cento, em US$ 160,86.

"As expectativas eram que a empresa revelaria um aparelho com um conjunto relativamente mais robusto de recursos atualizados", escreveu Michael Olson, analista da Piper Jaffray, em uma nota aos investidores. "A Apple geralmente correspondia a essas expectativas elevadas."

Esses recursos foram projetados principalmente para a realidade aumentada, que sobrepõe informações digitais ao que uma pessoa vê no mundo real. Cook disse que a RA poderia ser tão significativa quanto o próprio smartphone, e alguns analistas esperam que essa tecnologia dê um impulso de centenas de bilhões de dólares às vendas de dispositivos extras nos próximos anos.

A analista da Forrester Julie Ask disse que está mais entusiasmada com o Watch celular do que com o iPhone X. "O Watch nos mostra um futuro em que não precisaremos carregar uma carteira e um smartphone para todos os lugares", acrescentou.

As ações da Apple subiram cerca de 40 por cento neste ano devido às expectativas de que o iPhone X (se diz "dez") reanimará o crescimento das vendas após um raro declínio no ano passado. O iPhone representa quase dois terços das vendas totais e é um ponto central para a maioria dos outros produtos e serviços da Apple.

Com um preço-base de US$ 999 para a versão de 64 gigabytes, o iPhone X possui uma tela OLED mais brilhante e eficiente no consumo de energia. Um conjunto frontal de sensores 3D reconhece o rosto dos usuários para desbloquear o aparelho e transforma as expressões faciais em ícones animados de emoji chamados animoji. A versão de 256 gigabytes custa US$ 1.149, de acordo com o site da Apple.

Um iPhone de US$ 1.000 poderia adicionar até 6 por cento ao lucro por ação da Apple em 2018, estimou Toni Sacconaghi, analista da Bernstein, na semana passada. Mas isso depende de que o iPhone X seja um sucesso, e há mais concorrência de rivais chinesas de baixo custo, como Huawei Technologies e Xiaomi, que programaram o lançamento de seus novos modelos de telefone em torno do evento da Apple, a fim de atrair clientes que possam ser dissuadidos pelo preço do iPhone X.

—Com a colaboração de Julie Verhage