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Unicórnios no deserto: a repentina ascensão das startups árabes

Matthew Martin e Gwen Ackerman

14/09/2017 15h06

(Bloomberg) -- A economia gig evolui rapidamente e trouxe uma nova forma de comprar carros: ao ver um modelo de seu agrado na rua, tire uma foto com o celular e um aplicativo entrará em contato com vendedores de carros semelhantes perto de você e negociará o preço mais baixo -- tudo em questão de minutos.

O negócio é notável não apenas pela técnica empregada, mas também por sua origem -- Dubai. Há alguns meses, Tarek Kabrit, coproprietário da Seez, startup que produz o aplicativo, abandonou uma carreira estelar com passagens pelo Deutsche Bank e pelo fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala Investment, para se concentrar em seu novo empreendimento.

E apesar de relativamente comum na América do Norte e na Europa Ocidental, não se ouve falar muito desse tipo de empreendimento no Oriente Médio (com exceção de Israel), onde, apesar da riqueza do petróleo e da crescente penetração dos smartphones, a cultura startup nunca decolou. Pelo menos até agora.

Em um momento em que os governos árabes buscam diversificação em relação à venda de petróleo, os habitantes jovens, ricos e conhecedores da tecnologia estão criando empresas e convencendo investidores locais a apoiá-las.

Empreendedorismo

"Um grande número de pessoas da minha geração está enxergando isso como uma oportunidade de empreender", disse Kabrit, que falou que a família e os amigos pensaram que ele estava louco.

Nos últimos 12 meses, foram arrecadados mais de US$ 3 bilhões de empresas do Oriente Médio para investimentos em tecnologia na região, segundo cálculos da Bloomberg baseados em anúncios públicos.

Trata-se de uma mudança em grande parte causada por interesses externos. Em março, a Amazon.com adquiriu a Souq.com, uma plataforma de comércio eletrônico de Dubai, por US$ 580 milhões, causando um choque na região. E em sua última rodada de financiamento, a Careem Networks FZ, uma rival regional da Uber Technologies, se transformou no único unicórnio do Oriente Médio -- uma startup de tecnologia avaliada em mais de US$ 1 bilhão -- e atraiu o apoio da Daimler e do bilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal.

Entre os investidores na cena startup local agora estão alguns dos indivíduos mais ricos e das maiores empresas do Golfo. Alain Bejjani, CEO da Majid Al Futtaim Holdings, com sede em Dubai, de propriedade do homem mais rico do Oriente Médio, disse que a companhia está se concentrando mais na área (mas preferiu não dar detalhes). Neste ano, a firma investiu na Fetchr, que oferece serviços de entrega e logística para empresas de comércio eletrônico. Abdulrahman Tarabzouni, um saudita que estava no Google, no Vale do Silício, voltou no ano passado para administrar um fundo de investimento de US$ 500 milhões orientado às novas tecnologias na Saudi Telecom.

Há espaço para um enorme crescimento, diz Tarabzouni. "Pegue o montante de capital de risco disponível e divida por qualquer métrica -- PIB, população, usuários conectados -- e os números falarão por si em comparação com as economias avançadas", diz ele. "Não estamos falando da necessidade de dobrar ou triplicar os números para chegar a esses níveis, estamos avaliando a necessidade de empregar mais de 10 vezes o que temos hoje."