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Google é processado por acusação de pagar menos a mulheres

Erik Larson

15/09/2017 12h25

(Bloomberg) -- O Google foi acusado, em uma ação coletiva, de sistematicamente pagar mais a funcionários do sexo masculino do que às colegas do sexo feminino. A gigante da internet entra assim em uma lista crescente de empresas de tecnologia processadas por discriminação de gênero.

Três mulheres que trabalharam no Google nos últimos anos entraram na quinta-feira com um processo no Tribunal Superior de São Francisco alegando que a empresa paga menos às mulheres do que aos homens por trabalho igual ou similar. Elas também afirmam que a companhia coloca as mulheres em carreiras profissionais com tetos de pagamento mais baixos.

"Este processo é um esforço para derrubar as barreiras e acabar com os estereótipos", disse o advogado delas, James Finberg, de São Francisco, em entrevista por telefone. "O preconceito inconsciente desempenha um papel importante na perpetuação das disparidades de gênero e de remuneração."

O setor de tecnologia tem sido bombardeado por acusações de sexismo e assédio sexual. A Microsoft e o Twitter foram processados em 2015 em nome de engenheiras que alegam que os homens são favorecidos em promoções.

Naquele mesmo ano, Ellen Pao chamou a atenção para o domínio masculino na cultura do Vale do Silício durante uma ação contra a empresa de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers. Ela afirmou que havia uma atmosfera sexualmente carregada, onde os homens assediavam suas colegas de trabalho, e que ela foi impedida de ser promovida e foi demitida por seu gênero. Ela perdeu, mas o processo fez com que outras mulheres se posicionassem publicamente.

O Google afirmou que não concorda com as acusações centrais do processo.

"Os níveis de trabalho e as promoções são definidos por comitês rigorosos de contratação e promoção, e devem passar por vários níveis de análise, inclusive por verificações para garantir que não haja preconceito de gênero nessas decisões", disse a porta-voz da empresa, Gina Scigliano, em uma declaração enviada por e-mail. "E temos sistemas abrangentes para garantir que remuneramos de forma justa."

As mulheres continuam recebendo salários menores que os dos homens, embora as empresas dos EUA ? e a sociedade em geral ? estejam fazendo grandes progressos na igualdade, de acordo com David Gottlieb, advogado de direitos civis da Wigdor, em Nova York, que não tem envolvimento no processo contra o Google.

"Até mesmo nas empresas progressistas que tentam implementar as políticas certas, existe uma discriminação institucionalizada, da qual é muito difícil se livrar", disse Gottlieb, em entrevista por telefone. "Os empregadores precisam estar extremamente atentos ? muito ainda tem que ser feito."

Embora o processo contra o Google busque uma remuneração retroativa para as mulheres, Finberg disse que o objetivo também é mudar permanentemente a cultura de um líder do setor para gerar um impacto em outras empresas, grandes e pequenas, "para que as mulheres sejam tratadas de forma justa no futuro."

"Nós podemos trazer mudanças positivas, não só no Google, mas em outras empresas do Vale do Silício", disse Finberg.

--Com a colaboração de Mark Bergen