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Anúncios políticos da Rússia geram pedidos por regras na web

Bill Allison, Daniel Flatley e Todd Shields

21/09/2017 14h23

(Bloomberg) -- As plataformas de redes sociais estão capturando uma fatia crescente da propaganda política nos EUA, e a revelação de que interesses russos usaram o Facebook para influenciar a eleição presidencial desse país estão provocando pedidos de maior transparência.

Canais de televisão, empresas de cabo e satélite e estações de rádio precisam registrar e divulgar quem paga mensagens políticas em seus pontos de venda, quanto foi pago e quando os anúncios foram transmitidos. Já em 1927, o Congresso aprovou uma lei que impede as estações de rádio de transmitir qualquer anúncio que não identifique seu patrocinador.

Mas o Congresso dos EUA até agora não tem sido muito ativo em relação à internet, que representou cerca de US$ 750 milhões em propaganda política no ano passado.

"É um âmbito sem lei agora", disse Alex Howard, vice-diretor da Sunlight Foundation, uma organização sem fins lucrativos que defendeu uma melhor divulgação dos gastos políticos na internet. "Nós não sabemos quais são os anúncios nem quem está por trás deles."

O Facebook reconheceu que cerca de US$ 100.000 em gastos com anúncios relacionados a contas falsas provavelmente vieram da Rússia e espera-se que a empresa seja convocada para uma audiência pública do Comitê de Inteligência do Senado em outubro. O esforço da Rússia para influenciar os eleitores dos EUA através das redes sociais também é o foco de uma investigação do assessor especial Robert Mueller sobre a eleição de 2016 e os possíveis vínculos com associados do presidente Donald Trump, de acordo com autoridades dos EUA familiarizadas com o assunto.

Na quarta-feira, um grupo de democratas enviou uma carta à Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês) dizendo que é necessário exigir mais transparência do Facebook e de outras redes sociais quando se trata de gastos políticos.

"[A carta] apenas levanta a questão de quem está gastando o quê em nossas eleições e o impacto negativo que isso tem", disse John Sarbanes, congressista de Maryland.

Sarbanes assinou a carta junto com Elijah Cummings e John Conyers, os vice-representantes democratas no Comitê de Supervisão e Reforma do Governo e no Comitê Judiciário. Os senadores democratas Martin Heinrich e Ron Wyden, ambos membros do Comitê de Inteligência, também assinaram.

Sarbanes quer que a FEC imponha novas regras para exigir a divulgação de anúncios políticos nas redes sociais, incluindo o Facebook e o Twitter, para que essas propagandas sejam tão transparentes quanto os anúncios de rádio e televisão. Ele disse que a FEC tem autoridade para fazer isso e que pode agir sem a intervenção do Congresso.

Um porta-voz do Facebook disse que a empresa está disposta a analisar quaisquer propostas específicas do Congresso. O Twitter não respondeu a um pedido de comentário.

Ellen Weintraub, comissária da FEC que pressionou seus colegas a investigar o dinheiro estrangeiro, observou que um dos problemas da supervisão das empresas de redes sociais é a forma em que elas fornecem os anúncios a seus usuários. "As pessoas nem sabem quais são as propagandas que estão por aí, porque são abordadas de diferentes maneiras por diferentes pessoas."

--Com a colaboração de Laura Litvan e Sarah Frier