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Minério de ferro tem novo recuo devido a oferta elevada

Jasmine Ng

21/09/2017 10h47

(Bloomberg) -- O minério de ferro está sob pressão. A commodity caiu novamente na quinta-feira neste setembro brutal em meio à crescente preocupação com uma expansão ainda maior da oferta global e com a possibilidade de a redução da produção de aço na China durante o inverno gerar uma demanda menor.

Os futuros mais ativos da SGX AsiaClear chegaram a recuar 6,6 por cento, para US$ 62,60 a tonelada, menor patamar desde julho, a caminho de uma terceira perda semanal consecutiva. Os preços caíram na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, e o minério entrou em um bear market.

"Olhando para o futuro, para os possíveis cortes de produtos relacionados à política ambiental no inverno, a SMM estima que isso poderia reduzir a produção de aço em até 30 milhões de toneladas e o consumo de minério de ferro em 50 milhões", disse Ian Roper, chefe da divisão internacional do Shanghai Metals Market. "A oferta de minério transportado pelo mar é sempre sazonalmente mais forte no quarto trimestre também, especialmente vindo do Brasil e da Austrália, que fornecem o minério de qualidade superior que as usinas siderúrgicas chinesas desejam."

A queda do minério de ferro neste mês está corroendo o rali observado de junho a agosto, impulsionado pela demanda firme da China em um momento em que as siderúrgicas se beneficiavam com o aumento dos preços dos produtos e com as margens de lucro fortes. Os investidores agora estão voltando suas atenções para as perspectivas de aumento da oferta das minas em 2018 e também para o que acontecerá na China depois que as autoridades encerrarem uma importante reunião política em outubro. O que somou mais dificuldades na quinta-feira foi a valorização do dólar depois que o Federal Reserve sinalizou novos aumentos da taxa de juros nos EUA.

'Esfriamento da demanda'

Existe o potencial de "esfriamento da demanda e, portanto, de os preços causarem reflexos após o 19º Congresso Nacional do Partido, no quarto trimestre, que reorientará o crescimento das indústrias pesadas para os serviços", afirmou a BMI Research em um relatório. A unidade da Fitch Group prevê que o minério de ferro ficará em média em US$ 50 no ano que vem, contra US$ 70 em 2017.

O preço à vista de referência para o minério com 62 por cento de teor ferroso entregue em Qingdao caiu 51 por cento, para US$ 66,09 a tonelada seca, nesta quinta-feira, segundo a Metal Bulletin. A forte queda provocou o enfraquecimento dos preços em todas as semanas de setembro até o momento e surge depois que o banco central australiano sinalizou sua expectativa de preços mais baixos e de pico da produção de aço na China.

As ações das mineradoras caíram. Em Londres, a Rio Tinto Group caiu 2,2 por cento e a BHP Billiton recuou 1,9 por cento. Mais cedo, em Sidney, a Fortescue Metals Group, que obtém todas as suas receitas com o minério de ferro e busca um substituto para seu CEO, caiu 3 por cento. As três empresas são as maiores exportadoras da Austrália.

Parte da nova oferta que está chegando ao mercado de exportação vem dos carregamentos da nova mina gigantesca da Vale no Brasil, a S11D. O projeto deverá fornecer 21 milhões a 23 milhões de toneladas até o fim do ano, quando atingirá 25 por cento de sua capacidade, informou a empresa em uma apresentação publicada em seu website.

--Com a colaboração de Martin Ritchie R.T. Watson David Stringer Joe Deaux e Susanne Barton