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Ministros britânicos apoiam visão de May sobre o Brexit

Timothy Ross e Robert Hutton

21/09/2017 13h46

(Bloomberg) -- O Gabinete da primeira-ministra britânica, Theresa May, pareceu apoiar a visão que ela tem sobre o Brexit após duas horas de discussão sobre até que ponto ela pode falar sobre dinheiro e comércio em um discurso na sexta-feira com a intenção de reanimar as negociações com a União Europeia.

"Muito unidos, muito bom, todos apoiaram o discurso" disse o ministro de Emprego e Pensões, David Gauke, à Sky News quando a reunião acabou ao meio-dia desta quinta-feira. A reunião foi "muito positiva", disse ele.

May está sondando até que ponto ela chegará a fim de apaziguar as exigências da UE para que o Reino Unido pague "a conta do Brexit", de dezenas de bilhões de libras esterlinas. O gabinete dela informou que não vai divulgar a conversa com os ministros.

O apoio dos ministros mais seniores é fundamental para May na véspera de um discurso histórico na cidade italiana de Florença, onde a primeira-ministra se dirigirá diretamente aos chefes dos outros 27 governos da UE com um tom mais conciliador do que o combativo que ela transmitiu em Lancaster House em janeiro. O discurso encerrará uma semana turbulenta em que seu principal diplomata ameaçou se demitir caso ela alivie demais sua postura.

Agora ela vai finalizar seu discurso e tentará apresentar uma posição coerente do Reino Unido uma semana depois que as tentativas de mostrar uma frente unida foram desbaratadas pelo ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson. O artigo de 4.200 palavras que ele escreveu sobre o Brexit, em que solicitou pagamentos mínimos ao bloco e insinuou que queria um período de transição curto, foi visto por muitos como uma tentativa de manipular May e acabar tomando o cargo dela.

May "conta com o apoio do Gabinete, de todos nós", disse Gauke quando lhe perguntaram se Johnson também apoiava a primeira-ministra.

As negociações em Bruxelas estagnaram em meio a divergências sobre quanto dinheiro a UE quer receber do Reino Unido para cobrir os compromissos orçamentários e quais serão os direitos de seus cidadãos no país depois do Brexit. A BBC informou que May tentará realizar a transição em dois anos e afirma que ela não pretende imitar as relações comerciais que a UE tem com o Canadá ou a Noruega. Ela quer um acordo personalizado, não padronizado, afirmou a BBC.

A questão do dinheiro envenenou as negociações, que foram interrompidas de forma áspera no mês passado. Uma nova rodada de reuniões estava marcada para esta semana, mas foi adiada para acomodar o discurso de May. Negociadores da UE se mostraram impassíveis diante dos argumentos jurídicos britânicos de que o Reino Unido poderia abandonar o bloco sem dever nada.

O discurso de May chega em um momento fundamental para o Brexit e para a posição da primeira-ministra em seu país. Ela quer dizer algo para tranquilizar a UE e possibilitar que as negociações avancem, mas também deve tomar cuidado para não irritar os eurocéticos de seu Partido Conservador, como Johnson.

--Com a colaboração de Thomas Penny