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Aerolíneas Argentinas testa interesse pelos jatos Embraer E190

Fabiola Moura e Carolina Millan

28/09/2017 12h43

(Bloomberg) -- A Aerolíneas Argentinas estuda substituir seus 26 Embraer E190 por aviões maiores. O problema é que a empresa precisa se desfazer da frota antiga e há pouca demanda por este modelo de jatos regionais usados.

A Embraer se prepara para iniciar a produção dos E2, versões modernizadas de seus aviões comerciais, e fabricantes concorrentes de países como Canadá e Japão estão ampliando suas ofertas de aeronaves com 90 a 100 lugares.

"Este segmento está ficando muito concorrido", disse George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence, citando as novas opções da Bombardier, da Mitsubishi Aircraft e da Sukhoi Civil Aircraft. "O problema de ter muitos produtos novos na mesma categoria ao mesmo tempo é que todos começam a dar descontos e os preços dos usados também caem."

A Aerolíneas está analisando aeronaves novas e maiores de várias fabricantes de aviões, como Embraer, Airbus e Boeing, com a perspectiva de que a demanda por viagens aéreas deve aumentar à medida que a recuperação da economia argentina ganhe força.

"Em um mercado em crescimento como o nosso, tudo indica que o E190 não é mais o avião adequado", disse o diretor financeiro da Aerolíneas Argentinas, Abbott Reynal, em entrevista. "Se você tem um mercado consumidor maior, não faz sentido continuar voando um avião menor, usando o mesmo número de pilotos, mecânicos e tudo o mais."

Entretanto, se a Aerolíneas não conseguir um bom preço por seus 26 aviões Embraer, a atualização da frota pode ficar comprometida, disse ele.

O melhor caminho para a Aerolíneas pode ser vendê-los de volta à Embraer em troca de modelos mais novos, disse Ferguson, da BI. O E195-E2 -- com um máximo de quase 150 lugares -- deverá começar a voar comercialmente em 2019.

"Meu palpite é que a Embraer pode acabar sendo a melhor opção, considerando que a empresa precisa de encomendas", disse Ferguson. A fabricante divulgou uma lista de encomendas com 285 jatos regionais E2 em 30 de junho, dos quais 102 são da maior versão. O número contrasta com a fila de encomendas da Bombardier, de 346 unidades da nova aeronave CSeries; a empresa entregou 14 novos jatos desde o lançamento do avião.

Em resposta a um pedido de comentário, a Embraer sinalizou que está pronta para conversar com a Aerolíneas.

O E195-E2 seria uma "evolução natural, com o amadurecimento das rotas" da Aerolíneas Argentinas, disse Reinaldo Krugner, vice-presidente da Embraer Aviação Comercial para África, América Latina e Portugal, por e-mail.

A Aerolíneas Argentinas também confia que uma frota mais eficiente a ajudará a atingir o objetivo de reduzir sua dependência dos subsídios que ainda recebe do governo argentino -- aviões mais novos tendem a ter eficiência de combustível muito maior. A empresa aérea receberá cerca de US$ 170 milhões em subsídios neste ano, contra US$ 300 milhões no ano passado. A expectativa é que até 2020 a ajuda do governo não seja mais necessária.