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Corrige: Para Banco do Chile, inflação baixa não é tão terrível

Carolina Wilson e Eduardo Thomson

17/10/2017 14h44

(Bloomberg) -- A inflação baixa não é o fim do mundo.

Embora ela afetará os lucros do Banco de Chile e do restante do setor, ela é boa para a economia, disse Eduardo Ebensperger, presidente dessa instituição.

"Ela nos obriga a nos concentrar mais no nosso núcleo, que são nossos clientes", disse Ebensperger durante uma conferência em Nova York organizada pela corretora LarrainVial.

Analistas disseram que uma inflação mais baixa continuará reduzindo os lucros dos credores chilenos, que costumam conceder empréstimos em Unidades de Fomento, cujo valor está vinculado ao índice de preços ao consumidor, e pagam juros para os depósitos em pesos chilenos. Na semana passada, o Credit Suisse alertou especificamente que os números estagnados da inflação estavam afetando os resultados dos bancos para o terceiro trimestre. O balanço trimestral do Banco de Chile retrocedeu 16 por cento em relação ao trimestre anterior, e seu maior rival, o Banco Santander Chile, registrou uma queda de 9 por cento.

"Isto nos afeta um pouco porque normalmente nossas tesourarias atuam apostando na inflação", disse Ebensperger.

Traders estão céticos em relação à meta de inflação do banco central, de 3 por cento e projetam que ela terá uma média menor que 2,8 por cento nos próximos dois anos. Em setembro, os preços ao consumidor registraram a primeira queda nesse mês em mais de 80 anos. Os preços tendem a subir em setembro por causa de feriados nacionais.

Um crescimento econômico mais acelerado no Chile no ano que vem ajudará os credores a se protegerem da queda da inflação, disse Ebensperger. Ele estima que a economia praticamente dobrará para 3 por cento no ano que vem e que os empréstimos aumentarão cerca de 9 ou 10 por cento antes da inflação, ou cerca de 6 por cento em termos reais, disse ele.

"O motivo do otimismo no Chile é que existe uma grande chance de que um novo governo se concentre mais no crescimento ou em variáveis econômicas que garantam o desenvolvimento do país", disse Ebensperger, em alusão à candidatura do ex-presidente Sebastián Piñera. Ele lidera as pesquisas antes da eleição de 19 de novembro, e o índice de referência IPSA avançou 43 por cento em dólares neste ano, um desempenho melhor que o de todos os outros grandes índices regionais, exceto pelo ganho de 47 por cento do Merval argentino.

Ebensperger disse que o foco do credor está na expansão do crédito varejista, que inclui empréstimos a pequenas empresas e consumidores, hipotecas e cartões de crédito. Isto compensa um recuo do crédito para clientes corporativos de maior porte, disse ele.

A forte concorrência no crédito chileno obriga todos os participantes a buscar eficiências sempre que possível, e o Banco de Chile não será a exceção, disse Ebensperger.

"Estamos totalmente concentrados em todas as economias internas que possamos encontrar, por exemplo, no número de funcionários, porque o mundo dos bancos está se transformando em um mundo de serviços digitais", disse ele. "Qualquer economia que pudermos obter liberará dinheiro para investir em melhorar nossas tecnologias."

(Corrige nome do banco no título.)

--Com a colaboração de Marta Bastoni