Líder em inteligência artificial, Canadá mira carros autônomos
(Bloomberg) -- Após construir uma liderança impressionante em inteligência artificial, o Canadá está disposto a fazer o mesmo com os carros sem motorista - especificamente, com o lidar (radar laser), tecnologia que permite que esses veículos "vejam" para onde vão.
A principal candidata do país é a LeddarTech. A empresa com sede na Cidade de Quebec produz uma tecnologia de estado sólido que, segundo afirma, é melhor e mais barata que as versões anteriores do lidar e a vende a fabricantes de peças que, por sua vez, a incorpora a seus hardwares. A LeddarTech conseguiu apoio de pesos-pesados do setor, como a Delphi Automotive, a alemã Osram Licht e a divisão de peças da Fiat Chrysler, que no mês passado participaram de uma rodada de captação de recursos de US$ 101 milhões.
Há uma corrida em andamento para levar os carros autônomos às ruas nos próximos quatro anos e o lidar é um componente-chave para isso. O mercado dessa tecnologia se multiplicará por 10 até 2027, para US$ 2,5 bilhões, segundo Akhilesh Kona, analista sênior da IHS Markit, e crescerá ainda mais porque os carros se tornarão cada vez mais autônomos.
A LeddarTech tem muitas rivais bem financiadas. Entre elas está a Velodyne Lidar, apoiada pela Ford Motor e pela chinesa Baidu, e a Waymo, pertencente à Alphabet, que tenta desenvolver seu próprio lidar. "Existe concorrência simplesmente porque a oportunidade é muito grande", diz o CEO da LeddarTech, Charles Boulanger. Quem sobreviver será recompensado com um "grande pote de ouro".
Os carros autônomos "veem" o mundo a seu redor usando informações de câmeras, radares e lidares, que lançam luz laser sobre os objetos para avaliar sua forma e localização. Processadores de alta velocidade computam os dados para oferecer uma detecção em 360 graus das pistas, do trânsito, dos pedestres, das placas, dos semáforos e de qualquer outra coisa que aparecer no caminho do veículo. Isso permite que o carro decida em tempo real para onde ir.
A atual versão mecânica do lidar é desajeitada (foi comparada a um balde de frango frito giratório) e fica acoplada ao teto do veículo. Com peças em movimento, a tecnologia é vulnerável ao desgaste e a vibrações. Além disso, não tem alcance suficiente e é cara demais -- custa desde alguns milhares de dólares até US$ 70.000 -- para viabilizar a produção em massa.
As empresas de lidar estão optando pela tecnologia de estado sólido -- sem peças móveis --, menos suscetível a falhas mecânicas e a mudanças nas condições climáticas. A Velodyne, que ajudou a criar o lidar mecânico, apresentou uma versão em estado sólido da tecnologia neste verão (Hemisfério Norte). Os custos já estão começando a cair; a startup do Vale do Silício Quanergy Systems afirma que está fabricando um produto por cerca de US$ 250 e que espera reduzir esse custo para menos de US$ 100 em três a quatro anos.
Poderá a LeddarTech replicar as inovações do Canadá no campo de inteligência artificial, que têm sido usadas em algoritmos de reconhecimento facial do Facebook, no aplicativo Google Fotos e até em robôs japoneses? Kona, da IHS Markit, diz que a empresa tem boa chance de ser uma competidora real porque sua plataforma pode ser facilmente adaptada a uma série de tecnologias e fornecedores. "A LeddarTech pode ser um modelo vencedor", disse ele, em entrevista.
--Com a colaboração de Keith Naughton e Alex Webb
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