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Novo Toyota Century é desafio do Japão a Rolls-Royce e Bentley

Brett Berk

26/10/2017 15h18

(Bloomberg) -- A Toyota acaba de lançar um novo Century. Isto é importante. O Toyota Century é o carro mais exclusivo do Japão. Lançado em 1967 e batizado em homenagem ao 100º aniversário do fundador da empresa, Sakichi Toyoda, o Century define o luxo top de linha japonês, reservado a chefes de Estado, CEOs e chefes da Yakuza. É tão icônico como símbolo de status que está isento das rigorosas restrições nacionais ao tamanho e ao motor dos veículos. O modelo não pode ser comprado em uma concessionária normal, só em lojas especializadas e por convite. (O preço é de pouco mais de 12 milhões de ienes, ou US$ 100.000.) O imperador do Japão, por exemplo, é conduzido em um Century modificado.

Imponente, formal e muito conservador, o modelo teve apenas duas gerações em 50 anos de existência. Trata-se de uma eternidade no mundo automotivo, no qual um carro padrão normalmente dura apenas seis ou sete anos. Mesmo o Rolls-Royce Phantom, que evolui a um ritmo glacial, recentemente recebeu mudanças geracionais após 12 anos.

Claro, à primeira vista você teria dificuldades para ver a diferença entre o velho Century e o novo. É intencional. Um carro com esse nível de importância cultural deve ser reconhecido imediatamente pelo que é, e o novo carro não pode tornar o antigo arcaico ou irrelevante.

"Tóquio provavelmente seja submetida a mais tendências e mudanças de moda do que qualquer [outra] cidade na terra, mas há algumas coisas que os japoneses respeitam por sua tradição", diz Ben Hsu, editor-chefe e fundador do website automotivo japonês especializado no mercado doméstico Japonese Nostalgic Car. "O Century é um deles. O design geral permaneceu praticamente inalterado e imune às últimas tendências de estilo."

Apesar de ter um visual notavelmente similar ao carro que está de saída, o Century da terceira geração na verdade apresenta uma carroçaria completamente nova. Olhando atentamente, você notará que ela é um pouco mais formal no ângulo na parte da frente, com um para-brisa um pouco mais reclinado e com um pilar traseiro ligeiramente mais largo para proteger melhor a identidade dos ocupantes do banco de trás (os Century na maioria das vezes são conduzidos por motorista). Ele também é um pouco mais longo, mais largo e mais baixo para que seja mais fácil entrar e sair com classe.

No interior, o carro também continua o mesmo sob vários aspectos. Por que mexer com a perfeição silenciosa do teto texturizado, da sobrecoberta de renda tecida à mão e das cortinas para privacidade, com as extensões de madeira de veias claras na guarnição da porta, nos descansos dos braços e na mesa para escrita? Também permanece praticamente inalterada a cobertura de lã para as áreas dos assentos. No Japão, bancos de tecido como estes são vistos como algo muito mais elegante do que o couro porque são mais silenciosos e não esquentam nem esfriam com o clima. A abertura articulada do assento traseiro esquerdo para o assento dianteiro esquerdo foi mantida, outra característica do Century, que permite que os ocupantes mimados do banco de trás estiquem as pernas.

"Este é o carro da Casa Imperial", diz Masato Tanabe, vice-engenheiro-chefe do projeto de redesenho do Century. "Então, isso é o mais importante nas mentes dos designers quando eles estudam mudanças. Uma certa estabilidade e externalidade é necessária em um veículo com esse uso."