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Brasil se beneficia de safra ruim de milho na Europa

Manisha Jha

07/11/2017 15h18

(Bloomberg) -- Safras ruins de milho na Europa estão sugando para o continente montanhas de grão importado do Brasil.

A pior colheita regional em anos e o produto brasileiro barato devem elevar os embarques de milho em 26 por cento para um nível recorde neste ano, de acordo com o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês). As importações já estão 72 por cento acima do patamar observado há um ano, segundo dados da Comissão Europeia.

A União Europeia deve se tornar o maior mercado importador pela primeira vez em quatro anos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. A decisão da UE de reduzir quase pela metade a tarifa de importação de milho também pode incentivar as compras.

"É impressionante ver a importação tão forte", disse Marion Cassagnou, analista da consultoria agrícola Agritel em Paris. "A produção abaixo do previsto no Leste Europeu vai exigir que a UE importe mais milho nesta temporada."

O clima desfavorável em países como Hungria, Eslovênia e Eslováquia deve reduzir a produtividade das lavouras em mais de um quarto nesta temporada, diminuindo a produção total da UE para 58,5 milhões de toneladas, a menor em cinco anos, de acordo com estimativas da Comissão Europeia. Sendo assim, as importações devem aumentar para 16,6 milhões de toneladas, o maior volume desde que os dados começaram a ser apurados, em 2000, segundo relatório divulgado no mês passado pelo IGC.

O Brasil é o maior fornecedor, com participação ao redor de 58 por cento até o dia 1º de novembro, segundo a Comissão Europeia. Essa parcela pode aumentar porque o milho brasileiro está barato em relação ao europeu, disse Cassagnou.

Os fazendeiros brasileiros são ajudados pelos problemas dos rivais na Ucrânia, que enfrentam atrasos na colheita e queda da produtividade. O IGC subiu a projeção para as exportações brasileiras em 3 por cento para 33,3 milhões de toneladas no relatório mais recente.

A produção mundial deve aumentar para 1,03 bilhão de toneladas neste ano, puxada pelos EUA, segundo o IGC, que ampliou sua estimativa em 0,5 por cento.

"Os resultados das colheitas não parecem tão bons quanto se esperava na Europa e Ucrânia e o Brasil tem muito para vender a preços atraentes", disse Amy Reynolds, economista sênior do IGC em Londres. "Esperamos que continue no curto prazo a atual situação de mercado em que as importações brasileiras chegam aos montes."