Procura por cerveja artesanal reativa estoque secular de cevada
(Bloomberg) -- Um estoque de cevada esquecido por quase cem anos em uma fazenda em Portland, no Estado americano do Oregon, foi redescoberto devido à demanda crescente por cervejas artesanais.
Ocorre que a cevada é matéria-prima de um malte bastante procurado pela legião de cervejarias artesanais do Estado. Variedades antigas da planta voltaram a ser cultivadas por empresas como a GrainCorp, gigante australiana do agronegócio que também é a quarta maior fabricante mundial de malte.
"Fazendeiros aposentados contam para nós que armazenaram os produtos por anos e nós podemos investigar o que é pelo DNA", disse o presidente da GrainCorp, Mark Palmquist, em entrevista em seu escritório em Sydney. "Nós produzimos um malte em cascata que vem de uma variedade que não é cultivada há muitos e muitos anos. Nós cultivamos somente em determinada região geográfica e é possível vincular aquela área, chegando ao agricultor que está plantando."
As cervejas artesanais estimulam o "revival" da cevada porque utilizam o dobro do malte empregado na fabricação da bebida mais comum, do tipo pilsner. A demanda por cervejas especiais deve continuar avançando e o consumo de cervejas artesanais e escuras nos EUA cresce aproximadamente 9 por cento ao ano desde 2007, segundo estimativas da Bloomberg Intelligence baseadas em dados da Euromonitor Passport. A cevada é deixada na água, germinada parcialmente, dessecada e torrada para virar malte.
Gosto dos jovens
A procura por cervejas artesanais nos EUA em 2016 subiu 6,2 por cento em termos de volume e 10 por cento em termos de valor para US$ 23,5 bilhões, segundo a Associação de Cervejarias. A procura por todo tipo de cerveja ficou estável. A América do Norte puxou a onda das cervejas artesanais, que já chegou à Índia e à China, impulsionada pela geração de Millennials, disse Palmquist.
"Os Millennials são diferentes quanto ao que consomem", ele explicou. "Eles procuram mais customização e especialização e parte disso entra no aspecto de sustentabilidade e procedência. Eles não querem beber a mesma cerveja do pai e da mãe."
Os jovens também embalam a demanda por whisky feito apenas com cevada maltada, que difere dos whiskies que usam trigo, milho e centeio. O valor das exportações da Escócia aumentou 3,4 por cento no primeiro semestre, com alta de 7 por cento no caso do whisky de único malte, de acordo com a Associação do Whisky Escocês.
Para algumas destilarias de whisky no Reino Unido, a GrainCorp está fornecendo malte feito com cereal plantado em uma área confinada, segundo Palmquist. "Isso proporciona conexão e procedência. Dá àquele produtor de whisky algo único."
Representantes de algumas destilarias de shochu no Japão visitam fazendas na Austrália duas vezes por ano para comprar a cevada que precisam. "É com isso que fazemos o malte e é o que fornecemos a eles", disse o executivo.
A GrainCorp foi fundada em 1916 como entidade do governo australiano. A empresa fez uma grande aposta em malte em 2009 quando comprou a United Malt Holdings, sediada no Estado americano de Nebraska, por US$ 655 milhões. Depois foram adquiridas a GermanMalt e a Kirin Australia Malt House em 2011. Em 2015, veio a expansão das instalações nos EUA. O malte foi responsável por quase 60 por cento do lucro da GrainCorp em 2016, vindo de 25 por cento em 2013.
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