Auge de maconha medicinal em Israel abre portas à exportação
(Bloomberg) -- Quando Asi Naim, um menino israelense com autismo grave, começou a bater a cabeça contra a parede e a se machucar de outras formas, os pais dele provaram todo tipo de drogas psiquiátricas para acalmá-lo. Nada deu certo.
"Ele estava totalmente fora de si", disse a mãe, Ricky Naim Blumenfeld. "Era assustador."
Então Asi entrou em um programa de pesquisa com cannabis no hospital Shaarei Zedek de Jerusalém. Após um período de tentativa e erro, ele começou a receber uma dose de gotas de canabinoide que deu certo. Quatro anos depois, Asi adora música, festas, ir ao cinema e viajar ao exterior.
O mesmo remédio ajudou muitas das 60 crianças autistas matriculadas no programa do neuropediatra Adi Aran. Hoje, Aran está no meio de um segundo estudo controlado com 100 crianças. O objetivo final: Obter a aprovação como tratamento experimental da Administração Federal de Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês).
A agência ainda não aprovou nenhum produto derivado botanicamente do cannabis medicinal. Mas se classificada como medicamento reconhecido pela FDA, a formulação já não seria coberta pela proibição federal à importação de maconha nos EUA, passo fundamental para solidificar a reputação de Israel como centro global de pesquisa, desenvolvimento e exportação de maconha medicinal. A Bélgica, os Países Baixos, a Romênia, Portugal, a República Tcheca, a Alemanha e a Suíça são possíveis grandes mercados para a maconha medicinal, segundo a Ameri Research, uma consultoria e empresa de pesquisa de mercados dos EUA.
Mercado
O mercado de maconha medicinal atingirá US$ 33 bilhões em 2024, afirmou a Ameri em um relatório em abril. É o triplo das vendas de US$ 10 bilhões projetadas para este ano em meio a uma aceitação cada vez maior do uso de maconha para tratamento da dor, esclerose múltipla, câncer, artrite e outras condições crônicas.
Em Israel, uma lei que permitirá exportar cannabis medicinal qualificado já passou em uma avaliação preliminar do Parlamento e a expectativa é que fique pronta no ano que vem. Em agosto, uma equipe interministerial disse que as vendas no exterior a países que já estão interessados no produto acrescentariam até 4 bilhões de novos shekels (US$ 1,1 bilhão) por ano à economia do país, de US$ 320 bilhões.
Israel não será o único país a vender seu cannabis no mercado global. O Canadá e os Países Baixos já vendem. Projeta-se que o Uruguai, que permite exportar cannabis medicinal com autorização do governo, e a Colômbia, que em 2015 criou um marco para o cultivo, processamento, pesquisa e desenvolvimento e exportação de cannabis medicinal, comecem a vender no exterior no futuro próximo.
Hoje, o irmão mais novo de Asi, Inbar, que tem 15 anos e também está no espectro autista, toma cannabis medicinal para acalmar a ansiedade. Agora ele pode convidar amigos para sua casa e às vezes até abraçá-los. A vida da família inteira mudou.
"Vamos ao teatro, à biblioteca, ao café na praia", disse Naim Blumenfeld, a mãe deles. "Fazemos coisas normais."
--Com a colaboração de Ken Parks Slav Okov Naomi Kresge Matthew Burgess e Peter Laca
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