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Recuperação da indústria solar dos EUA não garante empregos

Brian Eckhouse

17/11/2017 15h17

(Bloomberg) -- Uma empresa falida da Geórgia está se esforçando para reanimar a indústria de energia solar dos EUA com um processo comercial que chegará à mesa do presidente americano. A disputa iminente, que parte da Suniva, tem boas chances de resultar em tarifas de importação, mas não espere a volta dos empregos.

Pelo menos seis empresas solares da Ásia afirmam que, diante da perspectiva de imposição de barreiras comerciais nos EUA, devem estudar instalações altamente automatizadas que não precisariam de números elevados de trabalhadores.

As técnicas avançadas de fabricação e a produção crescente, especialmente na China, reduziram os preços dos módulos solares e ajudaram a estimular a explosão global da energia limpa. Os mesmos fatores agora dificultam a competição para empresas dos EUA como a Suniva e transformaram o panorama do emprego. Este padrão já foi visto antes, em fábricas de automóveis, siderúrgicas, minas de carvão e outros setores, porque os sistemas de produção cada vez mais automatizados aumentam a produção com menos trabalhadores.

"Os custos menores da China destruíram os empregos da indústria solar dos EUA -- é verdade", disse Angelo Zino, analista da CFRA em Nova York, em entrevista. "Mas embora possam obrigar as fabricantes chinesas a abrirem plantas aqui, as tarifas criariam uma enorme quantidade de empregos domésticos? É pouco provável."

Não é nas fábricas que está sendo gerada a maioria dos empregos da indústria solar dos EUA. O setor empregava cerca de 260.000 pessoas no ano passado, incluindo cerca de 38.000 postos no ramo de fabricação, segundo a Associação de Indústrias de Energia Solar dos EUA. Apenas 2.000 pessoas produziam células e módulos solares no início de 2017 e o número atual é de menos de 1.000 devido às demissões na Suniva e em sua coquerelante no processo comercial, a unidade americana da fabricante de painéis alemã SolarWorld, também falida. A maioria dos empregos está no setor da construção -- desenvolvimento e instalação de painéis solares -- e em outras tarefas derivadas, incluindo finanças.

A imposição de tarifas aos componentes solares ampliará a fabricação nos EUA, segundo a Suniva e a SolarWorld. Elas alegam no processo que os painéis e células baratos importados prejudicaram o setor nos EUA e que são necessárias barreiras comerciais para ajudar a restaurá-lo. A Suniva entrou com o processo "para reabrir, para recontratar seus trabalhadores e para criar uma base industrial nos EUA", disse Mark Paustenbach, porta-voz da fabricante, por e-mail.

O preço médio global dos módulos solares caiu em mais da metade nos últimos cinco anos, para cerca de 31,5 centavos de dólar por watt. As duas empresas pediram a aplicação de tarifas de 32 centavos de dólar por watt para os painéis importados e de 25 centavos de dólar para as células. A Suniva também propôs um preço mínimo para as importações e a SolarWorld pediu uma cota. Essas políticas ampliariam a produção de células nos EUA em 70 por cento e a fabricação de painéis em 60 por cento, gerando mais de 30.000 novos empregos diretos e em fornecedoras, segundo a SolarWorld.

--Com a colaboração de Christopher Martin