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Cia. de big data de Trump vem ao Brasil, mas foge de extremistas

David Biller e Walter Brandimarte

21/11/2017 09h17

(Bloomberg) -- A Cambridge Analytica, a empresa de mineração de dados que ajudou a eleger Donald Trump, está prospectando clientes para a corrida presidencial brasileira no próximo ano. No entanto, seu parceiro local tem uma condição: nenhum extremista.

A CA Ponte, parceria entre a firma londrina e a Ponte Estratégia do Brasil, entrou em contato com representantes de três potenciais candidatos à Presidência. A empresa espera fechar um acordo perto de março, quando o cenário político pode se tornar mais claro.

André Torreta, que dirige a empresa no Brasil, disse que está trabalhando para "tropicalizar" a metodologia da Cambridge Analytica antes das eleições, adaptando-a ao ambiente local, mas seus serviços não estarão disponíveis para qualquer um.

"Tudo na vida tem limites", disse Torreta em uma entrevista no Rio, explicando que "não trabalharia" para alguém nos extremos à esquerda ou à direita do espectro político, citando a prisão e a tortura de um membro da família dele durante a ditadura. Ele se recusou a discutir candidatos específicos.

A Cambridge Analytica ficou famosa durante a campanha bem-sucedida de Trump minerando dados para entregar mensagens feitas sob medida aos eleitores com diferentes personalidades ou valores.

Como parte do esforço para adaptar a metodologia ao Brasil, onde as leis de privacidade são mais restritivas do que as dos EUA, Torreta disse que dependerá mais de pesquisas para marketing direcionado que de comprar dados eleitorais.

As campanhas com plataformas eletrônicas desempenharão um papel mais importante no próximo ano, disse ele, já que o Congresso aprovou no mês passado novas regras permitindo que os candidatos adquiram anúncios nas redes sociais.

"Até 20 dias atrás, minha campanha digital no Facebook alcançaria 4% do eleitorado", disse Torretta. "Agora, com dinheiro, chegará a todos".

Apesar da ira dos eleitores com os políticos tradicionais, Torreta disse ser improvável que um outsider político vença as eleições do ano que vem, citando pesquisa que mostra que os eleitores acreditam ser necessário um candidato experiente para tirar o país da crise.