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Milho dos EUA ameaça domínio da cana brasileira no Japão

Tsuyoshi Inajima

21/11/2017 12h09

(Bloomberg) -- Os produtores de milho dos EUA poderão entrar em breve no mercado japonês de biocombustíveis, ameaçando o domínio da cana-de-açúcar brasileira sobre um dos maiores consumidores de gasolina do mundo.

O Ministério do Comércio Exterior do Japão planeja permitir que suas refinarias usem o etanol americano, baseado no milho, em um aditivo misturado à gasolina, disse Kiyohide Yasuhara, vice-diretor do escritório de planejamento de políticas de combustível da pasta, em entrevista em Tóquio. Atualmente, o Japão usa apenas cana-de-açúcar brasileira como fonte para o aditivo do combustível, disse Yasuhara.

Os biocombustíveis estão ganhando popularidade em todo o mundo e Londres está entre os últimos a dizer que usarão borra de café velha para impulsionar seus icônicos ônibus vermelhos de dois andares. O Japão, terceiro maior consumidor de petróleo do mundo, busca diversificar suas fontes de abastecimento de gasolina para expandir o uso de energia sustentável no país.

Segundo Yasuhara, o ministério espera que o uso de etanol americano baseado no milho ajude a reduzir custos. O produto americano atualmente é 35 por cento mais barato que a variedade à base de cana do Brasil, disse Melissa George Kessler, porta-voz do Conselho de Grãos dos EUA, que desenvolve mercados de exportação para a cevada e o milho dos EUA, por e-mail.

Detalhes dos planos do Ministério da Economia, Comércio Exterior e Indústria do Japão:

- O uso de etanol americano baseado no milho será permitido a partir de abril de 2018. O Ministério do Comércio Exterior e da Indústria planeja manter a exigência de volume de bioetanol em 500.000 quilolitros equivalentes de petróleo por ano até março de 2023 sob as novas regras.

- Sob as regras de 2010 destinadas a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, o governo japonês exigiu que as refinarias aumentassem gradualmente o volume de bioetanol misturado à gasolina para 500.000 quilolitros equivalentes de petróleo por ano até março de 2018.

- O ministério também planeja introduzir 10.000 quilolitros equivalentes de petróleo por ano de biocombustíveis de segunda geração derivados de não-alimentos, como borra de café e resíduos de celulose, no período de um ano a partir de abril de 2020.

- A região Ásia-Pacífico foi identificada como prioridade para desenvolvimento de mercado "dado o baixo consumo de etanol na região e o mercado de combustível grande (e crescente)", disse Kessler, do Conselho de Grãos dos EUA, que desenvolve mercados de exportação para o milho e o sorgo dos EUA.