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O que os bancos centrais têm a dizer sobre as criptomoedas

Eric Lam

27/11/2017 14h35

(Bloomberg) -- Oito anos após a criação do bitcoin, bancos centrais de todo o mundo reconhecem cada vez mais os possíveis aspectos positivos e negativos das moedas digitais.

Os guardiões da economia global têm dois conjuntos de questões a abordar. O primeiro é o que fazer, ou se agir, em relação ao surgimento e à expansão das criptomoedas privadas, que estão chamando cada vez mais atenção -- o bitcoin atualmente sobe em direção aos US$ 10.000. A segunda pergunta é se devem emitir versões oficiais.

A seguir, um resumo sobre como alguns bancos centrais estão abordando o assunto:

EUA: preocupação com privacidade

A investigação do Federal Reserve sobre as criptomoedas está no início, e publicamente a instituição não demonstra muito entusiasmo com a ideia de uma resposta ao bitcoin emitida por um banco central. Jerome Powell, membro do conselho e presidente nomeado, disse no início do ano que ainda há dúvidas técnicas em relação à tecnologia e que "a governança e a gestão do risco serão críticos". Powell disse que há desafios "significativos" para uma criptomoeda do banco central, que as questões de privacidade podem ser um problema e que alternativas do setor privado podem cumprir a função.

Zona do euro: uma tulipa

O Banco Central Europeu tem alertado insistentemente sobre o perigo de investir em moedas digitais. O vice-presidente do banco, Vitor Constâncio, disse em setembro que o bitcoin não é uma moeda, mas uma "tulipa" -- em alusão à bolha do século 17 na Holanda. O colega Benoit Coeuré advertiu que o valor instável do bitcoin e as ligações com a evasão fiscal e o crime criam grandes riscos. O presidente do banco, Mario Draghi, afirmou neste mês que o impacto das moedas digitais sobre a economia da zona do euro era limitado e não representava uma ameaça ao monopólio dos bancos centrais sobre o dinheiro.

China: condições 'maduras'

A China deixou claro: o banco central tem controle integral sobre as criptomoedas. Com uma equipe de pesquisa criada em 2014 para desenvolver uma moeda fiduciária digital, o Banco Popular da China acredita que há "condições maduras" para que a instituição adote a tecnologia. Mas reprimiu os emissores digitais privados, proibindo que as bolsas negociem bitcoins e outras moedas. Embora não haja data formal de início para a introdução de moedas digitais, as autoridades afirmam que a digitalização poderia ajudar a melhorar a eficiência do pagamento e permitir um controle mais preciso das moedas.

Brasil: apoio à inovação

O Banco Central do Brasil não vê "riscos relevantes para o Sistema Financeiro Nacional", mas se mantém alerta para a evolução do uso dessas moedas, informou em comunicado, neste mês. O banco prometeu "apoiar as inovações financeiras, inclusive as baseadas em novas tecnologias que tornem o sistema financeiro mais seguro e eficiente".