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Deixando cargo, líder do BIS alerta sobre riscos dos estímulos

Alessandro Speciale e Catherine Bosley

30/11/2017 14h03

(Bloomberg) -- Bancos centrais preocupados com os efeitos produzidos se aumentarem os juros rápido demais não devem subestimar os riscos de postergarem esta decisão, afirmou o gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS).

"Adiar demais a normalização também traz riscos", alertou Jaime Caruana, ao término de seu mandato como comandante do banco central dos bancos centrais. "Por que? Porque se toma mais risco e é difícil saber onde vai parar a tomada de riscos."

Após a implementação de medidas inéditas para ressuscitar a economia global após a crise financeira, os bancos centrais começam a retirar estímulos, temendo que os preços dos ativos estejam saindo de controle. Nos EUA, o Federal Reserve elevou os juros e começou a reduzir o balanço patrimonial. O Banco da Inglaterra está subindo os custos de captação pela primeira vez em uma década. O Banco Central Europeu anunciou que vai cortar pela metade o programa de compra de títulos a partir de 2018.

No entanto, o recuo dos estímulos tem sido gradual e cauteloso, de modo a não desencadear movimentos de queda nos mercados que atrapalhem a recuperação. O BIS, que constantemente alerta para riscos associados a políticas exageradamente flexíveis, entende que a prudência foi longe demais.

'Complacentes'

"Os mercados estão um pouco complacentes neste exato momento com a situação presente", disse Caruana, que já presidiu o banco central espanhol e deu esta entrevista na sede do BIS na Basileia, na semana passada. Os mercados estão "confiando demais na ideia de que os juros e a inflação permanecerão baixos por muito tempo e, portanto, que o ambiente é bom para tomar riscos adicionais".

Um dos aspectos que mais preocupa o responsável pelo BIS é o acúmulo de alavancagem na economia global. Os níveis de endividamento, segundo ele, estão significativamente mais altos do que antes da crise financeira.

"Os balanços patrimoniais estão maiores, há mais dívidas e, do lado dos ativos, o valor dos ativos está esticado. Acho que essa combinação exige cautela e vigilância", afirmou Caruana. "É verdade que o sistema financeiro, particularmente o sistema bancário, está melhor capitalizado agora. É um elemento positivo. Mas repito que há mais dívida globalmente."

Após oito anos à frente do BIS, Caruana será sucedido pelo ex-presidente do banco central mexicano Agustín Carstens, neste 1º de dezembro.

--Com a colaboração de Jan Dahinten