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Índia 'sonha' em reduzir transporte cargas de 14 dias a 14 horas

Bibhudatta Pradhan e Iain Marlow

05/12/2017 14h31

(Bloomberg) -- Um corredor ferroviário de US$ 7,1 bilhões no Rajastão, que reduzirá de 14 dias para 14 horas o tempo do transporte de cargas entre a capital da Índia, Nova Déli, e o centro comercial de Mumbai, finalmente está dando sinais de progresso.

A uns 800 quilômetros, em Gujarat, uma área industrial de 920 quilômetros quadrados vai tomando forma perto da cidadezinha de Dholera. Em uma visita recente, centenas de trabalhadores fundiam as seções de concreto de um sistema de esgoto. O cartaz de um projeto habitacional ainda não construído resumia a ambição do gigantesco projeto: "Dream City" (cidade dos sonhos).

Assolado por atrasos, burocracia e disputas pela aquisição de terras, durante anos parecia que o Corredor Industrial Déli-Mumbai (DMIC, na sigla em inglês), de US$ 100 bilhões, seria apenas isso: um sonho. Proposto há mais de dez anos, o amplo conjunto de cidades inteligentes e parques industriais em ambos os lados da ferrovia de carga poderia reduzir custos de logística que representam aproximadamente 14 por cento dos custos totais contornando as principais cidades do país, famosas por seu caos.

"Este projeto não é uma ilusão", disse Michael Kugelman, associado sênior do Woodrow Wilson Center para o sul da Ásia em Washington. "É uma iniciativa muito real que decolou. Se conseguir superar alguns obstáculos significativos, poderia progredir muito."

Obras

Em Dholera, os trabalhadores estão montando a infraestrutura em uma área de 22,5 quilômetros quadrados constituída majoritariamente por terrenos públicos. Os funcionários afirmam que isso estará pronto até o fim de 2019, e depois eles poderão vender os terrenos às fábricas. Eles projetam ter uma cidade maior que Berlim daqui a três décadas.

Agora começaram as obras em quatro das oito estações de fabricação propostas na primeira etapa do corredor industrial. Mas chegar a este ponto não foi fácil, porque a burocracia e as restrições orçamentárias em seis estados e vários ministérios abrangentes desaceleraram o avanço, o que fez com que alguns abandonassem o projeto.

O desenvolvimento além da área inicial de 22,5 quilômetros quadrados em Dholera continua incerto, porque agricultores que se opõem à venda de terras têm uma ação judicial pendente no Alto Tribunal de Gujarat e exigem que o governo que descarte os planos. "O futuro de Dholera é sombrio", disse Sagar Rabari, agricultor ativista em Gujarat.

A maior parte dos terrenos necessários para o corredor de carga já foi adquirida, o financiamento está pronto, contratos foram outorgados e projeta-se uma inauguração em etapas a partir de dezembro de 2019, afirmou em comunicado a Dedicated Freight Corridor Corporation of India. O corredor completo ficará pronto um ano mais tarde, afirmou a empresa.

"Este é um dos principais projetos nacionais, sim, mas apesar de haver bastante coordenação do centro, na verdade o projeto tem muitos componentes", disse Jan Zalewski, analista para a Ásia em Cingapura da Verisk Maplecroft, uma empresa de riscos políticos. "O DMIC como um todo continuará avançando à velocidade de uma lesma."

--Com a colaboração de Dhwani Pandya e Hayley Warren