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Fundo norueguês barra areias betuminosas e foca em energia verde

Sveinung Sleire

14/12/2017 12h27

(Bloomberg) -- O maior fundo de pensão da Noruega está retirando os maiores poluidores de seu portfólio e passando os investimentos para a produção de energias renováveis em países em desenvolvimento na tentativa de ajudar o mundo a atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.

O fundo norueguês KLP, que administra em torno de US$ 77 bilhões, excluirá empresas que obtêm 30 por cento de suas receitas das areias betuminosas, expandindo uma exclusão anterior que englobou produtoras de carvão.

"Nossa opção atual de deixar as areias betuminosas é baseada em questões ambientais", disse Anne Kvam, chefe de investimentos responsáveis da KLP Asset Management, em entrevista em Oslo, na quarta-feira. "As areias betuminosas e o carvão são incompatíveis com a meta dos dois graus."

As decisões ocorrem em meio a um crescente movimento de investidores que evitam combustíveis fósseis. O fundo soberano de investimentos da Noruega, que administra US$ 1 trilhão, sacudiu os mercados financeiros no mês passado ao recomendar a remoção de empresas de petróleo e gás.

Após os sinais do fundo de investimento norueguês, muitos investidores "revisarão suas carteiras e farão avaliações", disse Kvam, que já trabalhou no fundo.

No início da semana, em uma cúpula climática em Paris organizada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, um grupo de 225 investidores globais com US$ 26,3 trilhões em ativos sob gestão prometeu publicar uma avaliação anual a respeito de como alguns dos maiores produtores mundiais de gases causadores do efeito estufa estão reduzindo as emissões e limitando sua exposição aos riscos climáticos.

"Quanto mais atores do setor financeiro colocarem esses tópicos na agenda, maior será o efeito que conseguiremos em uma transição, o que é, no fim das contas, nosso objetivo final", disse Heidi Finskas, vice-presidente de responsabilidade corporativa da KLP.

O fundo de pensão tem um horizonte de investimento de longo prazo e está bem posicionado para gerenciar o risco de liquidez de amarrar capital à infraestrutura, disse Finskas.

A KLP se unirá à estatal Norfund e à empresa de energia solar Scatec Solar, destinando os recursos da saída das areias betuminosas ao desenvolvimento de energias renováveis em países em desenvolvimento.

O maior fundo de pensão da Noruega também espera enfrentar mais riscos decorrentes de ramificações físicas das mudanças climáticas.

"O risco físico, que pode afetar o investimento mesmo quando estamos amplamente diversificados, como tempestades e secas, esse tipo de problema climático, acredito que será cada vez mais importante na agenda", disse Kvam. "A questão não se resume ao capital, mais jogadores precisam interagir."